quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O silêncio é um tempo que existe, o Tobias sabe usá-lo.


       Estávamos há mais de 10 minutos em silêncio, a demora depende do tempo que estamos a atribuir ao tempo. Quanto tempo dura dez minutos? para uns uma eternidade, para outros um curto espaço de tempo. É aquela coisa da relatividade, do tempo. Mas, se há silêncio é porque algo acontece no silêncio do momento. Mas que silêncio é este, é mudo? é contemplativo na arte oriental, deixamos de pensar? Não e sim, o oposto do contraditório, a negação do som não impossibilita de ouvir os meus pensamentos. Ainda não consigo é ouvir os pensamentos dos outros, mas para isso há remédio, medicação. Nem tenho muito a ilusão, da telepatia, lembra-me mais a Lara Li, a cantar do que algo atingível. Nem sou golfinho que em boa verdade continuo a acreditar que são muito mais evoluídos do que eu. Sem nada para pensar não significa, sem nada para dizer. O Tobias diz muitas coisas no seu silêncio, é uma forma de dizer. Pois se ele caminha em quatro patas isso é um comportamento de locomoção e sinal de bom equilíbrio e de que tem 4 patas. E ele não precisa de me dizer nada, para eu identificar este comportamento, que tem uma finalidade, um método, e objectivos, que é caminhar sobre quatro patas. Então descobrimos ou revelamos que o Tobias se desloca e que isso não é um comportamento no vazio. Ok, intuição. Mas indo mais longe raciocínio intuitivo. Algo que eu faço com a maior das naturalidades também, porque quando estou a caminhar para o trabalho, não me recordo, de que sou eu, que caminho sobre duas pernas, mas caminho. Será que isto pode querer dizer que me esqueço de mim, que não valorizo as pequenas coisas. Esqueço-me de estar grato. O Tobias não se sente grato por caminhar para a cama ou para o seu prato rico em alimentos, nutrientes. Ele vai e torna tudo tão simples. Não se preocupa com coisas do cansaço e do estar farto de estar farto, vai e pronto, “Keep It Simple”. Portanto o silêncio fala por si. E convidei-o a ficar mais alguns momentos em silêncio e ele concordou ladrando, o que eu entendi como um sim, mas que deveria ter sido interpretado como um não por interrompeu o silêncio, então o silêncio quebrado perdeu o seu sentido, deixou de ter o que significava por si. Morreu o silêncio, Nietzsche disse pior, quando pôs Zaratustra a falar, eu não diria tanto, mas neguei o momento e preferi ficar em silêncio. O Tobias não ladrou mais. Onde há silêncio há espaço e tempo, há angústia, lágrimas no silêncio, silêncio na voz, escuta-se em silêncio, faz-se voto de silêncio e outros votos que ninguém na realidade sabe se são “compridos ou largos” e porque se fazem. O silêncio tem ritmo, tempo e medida, faz parte da vida, ele está na vida. Aí, as memórias silenciosas. As maiorias ou minorias silenciosas e silenciadas. Então eu e o Tobias ficamos em silêncio, respeitando o silêncio das nossas palavras sem acção. Escutando o silêncio que nunca vem só, mas por vezes mal acompanhado. O silêncio de um passado, o silêncio do vazio, o silêncio do sorriso, o mistério do silêncio. E foi neste silêncio convidativo que estivemos ao pé um do outro, como se não houvesse amanhã, nem depois. Nada, não há nada, para além do momento que é único e impossível de se repetir. Extraordinário silêncio que me está na Alma.
Eu e o Tobias vamos à rua no silêncio da noite.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Hoje não houve consultório. Estamos em mudanças.


No inicio estava confortável com a sua posição, hoje as consultas tem tido algum efeito e parece aceitar mais a sua condição, não está rendido, nem submisso, está a procura de que eu lhe diga o que ele quer ouvir. Assim tudo começou e vamos indo juntos numa grande partilha. Cá entre nós, sem ele ouvir acho que ele sabe mais de mim de que eu dele. É um revoltado, um grito mudo, um Espelho onde não nos vimos, a madrugada, Urge mudar algo, o Tobias pensa que é preciso mudar as mentes das pessoas que não o vêm como ele é. Diz que tudo é ilusão e que acreditamos que estamos a ver um Caniche, ou um cão pequeno, mini, porque acreditamos sem questionar. Parece óbvio, então resignamos-nos.
Fogo, Tobias! Pára de ladrar, Vamos à rua anda! Uma ordem é uma ordem.Ponto final. (por hoje)

domingo, 27 de novembro de 2011

Ao Domingo não haver consulta dá este resultado, volta a negação e o latente não se manifesta, ou sim?

O tobias está preocupado pois a sua identidade está a ser questionada: Sou um cão? apenas um cão? um caniche toy? ou um Rotweiller?



O Tobias disse-me; Hoje passei o dia a observar pessoas ou seja a tirar inventários.
Sempre é melhor do que andar no consultório, com aquelas questões:
Sou um cão? apenas um cão? um caniche toy? ou um Rotweiller?




Basta olhar para mim e não me restam dúvidas.


Sou ou não sou um ROTWEILLER? Hem?
Alguém tem Dúvidas?

Temos que voltar as consultas o mais depressa possível pois tu estás impossível.


O Tobias falou-me que era muito mais difícil estarmos sozinhos de que estarmos com os outros, pois havendo outros, podemos nos apoiar ou termos algo para comparação, sozinhos contamos apenas connosco, com as nossas referências e aprendizagem e estamos mais expostos. Lá vem ele justificar o seu isolamento pensei eu, de mim para mim. Foi aquilo de que eu te falei, de ter ficado com problemas, depois de ter lido «O Principezinho», fez-me confusão aquela solidão, aquele menino sozinho com adultos, procurando respostas para o seu crescimento, para a compreensão, não querendo ser um Peter Pan, mas deixa-me angústia por haver tamanha solidão. Se estes são os livros recomendados, então estamos mesmo sozinhos ou trocados. Isso, clamei eu, foi a tua interpretação da história, porque há quem diga que o significado do livro está na relação que ele tem com a rosa, e que de tanto a querer proteger acaba por prendê-la, o que é igual a tirar a vida. Oh, isso é fácil pois ninguém é de ninguém e é tudo uma questão de posse, se leres Siddhartha compreendes que a solução está na via do meio. Eu acho que não é nada disso, penso que o Saint Exupéry estava a falar da sua solidão, e que criou um amigo imaginário com quem falava. Muitos foram agrilhoados por causa disso, chama-se ouvir vozes, outros tomam medicação. Ninguém é livre. Tu próprio me obrigas a ir para a casota quando há visitas cá em casa. Não deixas ninguém sossegado, disse-lhe eu, queres as atenções todas para ti. Não é verdade, isso é a tua verdade, isso é quando tu não queres ser incomodado, não vejo diferença nenhuma, entre o que me fazes e a flor do Principezinho. O quê? É um ingrato este Tobias, não o devia deixar ler coisas tão complicadas pois fica logo introspectivo e questiona o que tantos adoram. Por muito menos G. Bruno foi queimado na fogueira. Os tempos mudaram, somos todos mais tolerantes, mais conscientes. Esta consciência universal dá-nos para ser altruístas e misecordiosos em vez de sermos objectivos e práticos pois só quando há um apelo a massificação é que nos movemos timidamente numa preocupação para com o outro, a sua fome. A solidariedade aparece como catarse ao remorso. Há quem chame a isso o triângulo da auto-obsessão, mais uma tríade ou tripartirdes do inconsciente purgatório religioso que excomunga o nosso inferno, o de Dante e da Inquisição. Não percebi, porque este fim-de-semana vi crianças a pedir  esmola, as crianças não deviam ser enganados neste mercado, deviam responsabilizar os adultos por ser preciso pedir para a Fome. Falamos de valores, que educamos num humanismo, quando na realidade o racionalismo mercantilista se desenvolve cada vez mais. Estás crianças sabem o que estão a fazer? Sabem que somos nós os responsáveis por tudo isto. Vão de carro e com as suas melhores roupas ou vestidos de escuteiros para os peditórios nacionais as portas dos supermercados, que claro vendem mais, nesses dias em nome de uma causa. O Banco Alimentar não dá ajuda directa, portanto se tiveres fome vais para a fila porque não se pode confiar no homem, que diz ter fome é que pode ser para vender ou trocar. Como, perguntou o Tobias o homem não confia no outro? Porquê essa admiração, o homem é isso. Então percebo porque é que o Principezinho andava só, ele não se sentia só, só precisava era de um amigo em quem confiar e a protecção a rosa, era porque precisava que confiassem nele, tão simples, tão elementar, como é que eu não via. Então essas crianças pensam e sentem-se melhor porque nesse dia estão a pedir é como se estivessem a desculpar-se e os adultos que as motivam para este comportamento resolvem assim as suas culpas. Andamos sempre a pagar os erros? Quais erros? Tu cometes-te algum erro? Sei-lá, mas parece, pois quando vou para a casota, é então porquê? Porque sim, porque é sinal de boa educação e de seres um bom cãozinho. Devo então obedecer as regras e normas, ser prático e funcional, como uma máquina, não era isso que o Roger Waters, dizia no «The Wall»? Que tudo faz sentido! Enquanto, F. Pessoa se referia ao: «que o sentido que isto tudo tem é não ter sentido nenhum». Tu não te tens de preocupar com isso, pois ladras e eu dou-te água e ração e depois umas festas e podes dormir descansado. O Tobias olhou-me nos olhos e surpreendido disse mas isso é algum privilégio, sou algum Rei ou egoísta, sou por acaso diferente, isso não é ao que todos temos direito. Tobias não sejas ingénuo, Incrível esta inocência, esta Utopia. Não é Utopia, como pode ser uma Utopia o que devia ser um bem comum, aqui Utopia parece-me mais uma grande preguiça de alma do que outra coisa. Então o homem é isso, por isso o principezinho viajava nos sonhos para não se sentir sozinho.
Tobias anda, vamos a rua, está na hora e temos que voltar as consultas o mais depressa possível pois tu estás impossível.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Hoje estamos repetitivos, disse-me o Tobias, chateado, aborrecido mais com o tempo do que comigo.


O Tobias não quer entrar na casota, isto deve querer dizer que quer sair a noite ou será ainda efeitos da greve de que todos falam, uns porque participaram, outros porque são contra, só há dois tipos de pessoas? Estranho, este comportamento do Tobias. Ele, que de tão simples que é e não tendo nada a ver com tudo isto o que se passa no mundo, na Europa, na fome e na guerra, ele que mesmo assim, tem o seu mundo para muitos indecifrável, incompreendido, pois não tem nada para dar, não produz nada, não tem nenhum dom, não adivinha nada, não prediz qualquer coisa do futuro que nos ajude a entender e a antecipar algo. Por exemplo se ele soubesse que o mundo iria acabar, apenas latia com agonia e não seria compreendido pois a sua linguagem é inadequada. Todos percebemos os signos, o tarot, os cartomantes onde agora também há alguns psicólogos, ou sempre houve talvez fossem psi-cartomantes. O Tobias não é assim tão fácil de decifrar, pois usa códigos e significados, onde o poder do significante se torna muito significativo no seu significado intrínseco, porque é uma redundância dizer mais do mesmo, mas fica bem. Decifrar, ao que eu chamo, entender, leva-me a compreensão ao entendimento da natureza. Da sua natureza, do seu valor, da sua demagogia, politica e tudo isso para o conhecer melhor. E talvez assim saber de onde venho para onde vou, aquele mistério que o homem, com H, maiúsculo, procura desde a alvorada, num oráculo de Delfos, religião e de caminho até a NASA e aos satélite, que hoje se confundem com estrelas, num projecto de escuta espacial, não vá alguém aparecer e não estarmos atentos. Mas atentos a quê? Este medo constante incutido na humanidade de que algo vai suceder, desde Prometeu, o criador do género humano, que estamos de castigo num destino comum, onde nos dissipamos no nevoeiro, tal D. Sebastião, do qual aguardamos o seu regresso e andamos neste medo aparente de que vamos pisar algo ou depararmo-nos com algo desconhecido. Será por isso que o Tobias não quer entrar na casota, hoje, estará a espera de algo maior, anunciado, o retorno Del Rei do Brasil, do Salvador ou de Ulisses, no retorno da sua Odisseia. Nesta Europa, filha de Agenor, a profecia concretizou-se pois o colar que Harmonia, filha de Ares, recebeu dota o seu portador de uma beleza irresistível, mas também pode trazer desgraça. Tudo está de volta ao que era, a Harmonia dos povos trás a sua desgraça, desunião na União, a Europa paga pela falta de respeito a Posídon e Dédalo construiu o labirinto, no qual ele próprio ficou retido. Ícaro entusiasmado (pelo ouro) aproximou-se demasiado do Sol e despenhou-se. Tudo isto está á acontecer, a Europa não está livre da história, andamos em círculos viciosos sem saber como sair, a porta está fechada, não há saída, apenas nos resta viver com os outros. Desde o êxodo que caminhamos para a terra prometida. Sem Arte, sem Poesia, sem Filosofia a espécie humana está comprometida numa tragédia grega. E como uma desgraça nunca vem só neste Zeitgeist, relembro que foi a peste bubónica, trazida da Ásia que devastou a Europa. No entanto como reza a história, a peste foi o grande catalisador do fim da Idade Média. Uma doença trazida por um povo, Nostradamos profetizou que eram amarelos, surge e emerge para mudar os caminhos da humanidade. Nova hipótese, novo começo o problema foi a vitória da Industrialização sobre a Agricultura, era precisa mão-de-obra, para a obra se realizar, a economia monetária tão desejada está pela hora da morte, o porquinho, mealheiro, está cheio, não se consegue partir. Nem, renascendo, nem modernizando, tudo está parado, o tempo é um engano, relativo, vê-mos o que queremos. Tal como o Tobias enquanto centro do mundo, constitui um pequeno Cosmo em si mesmo. Decifrá-lo é um mistério etológico de observação de um fenómeno e como todo o comportamento animal tem um padrão de acção não se realiza no vazio, há uma razão para tal postura de estar de fora da casota talvez não seja não querer, talvez seja outra necessidade mais elementar, mais básica. Basta observar e Zás. 
Afinal não há problema nenhum, o Tobias estava a espera de ir a rua, está na hora, na sua hora. Tobias anda, vamos à rua.
Afinal hoje o Tobias faz dois anos. Viva são os anos do Tobias. 
Por isso estava à espera, sempre havia algo, é preciso compreender este cão, nunca diz nada, ufa! Parabéns Tobias.
Amanhã fazemos a festa, só dá para ser no fim-de-semana.

Ainda está de greve o Tobias, não quer ir para a casota.


25 de Novembro de 2011

Hoje, tudo está no seu lugar graças ao Tobias que chegou a horas e iniciou-se o diálogo, chamemos antes monólogo, pois há terapias que são mais isto do que dialéctica. A dialéctica com um significado de um método de movimento do pensamento. A reflexão da razão dialéctica sobre si própria pode ver-se no percurso entre o antes e o depois, onde o ser toma consciência de si próprio. Então aqui reside a razão fundamental do efeito terapêutico. E daí a razão do Tobias discutir mais comigo do que com ele próprio, afirma-se em mim e comigo. Hoje, talvez tenha algo, ao qual posso chamar de angústia, não é medo, é outra coisa, como uma angústia, estás a ver? Perguntou-me ele, ficando com o olhar parado no tempo, como se fosse aquele o momento em que se descobre nada mais haver para além da condição, da sua condição, das suas dúvidas existenciais. Eu não “via” nada, mas segui-o com atenção: como assim? O que queres dizer com, estás angustiado. Não sei, talvez seja do meu problema! Hum! Afinal, sempre temos um, problema. Qual problema? Indaguei eu. Então sabes bem que tenho tido problemas desde que aqui venho, tens-me confrontado com a minha condição de não querer ser aquele que não sou. Eh, lá, agora o problema, sou eu, que transferência é esta? Ou será efeito da terapia que quebrou a negação e o colocou em depressão antes da aceitação. Um confronto directivo tem sempre os seus efeitos práticos, nem que seja zangar o paciente e fecha-lo, resistência, claro, sem dúvida. Ora bem, então reconheces que há um certo problema associado a tua personalidade, que se vê reflectida na tua imagem, distorcendo o real do ideal do Self. Disse-lhe em tom de seriedade e numa questão aberta, coloquei-o perante a obrigação de responder, fazendo participar na sessão pois torna-se necessário participar, se não, é simples não há sessão terapêutica. Mas então o silêncio não é terapêutico, sim claro, mas o silêncio de que falo é aquele do filme do César Monteiro sem imagem e da música sem som, é o do som de um bater de palmas com uma só mão. Ele olhou para mim e perguntou-me: com um olhar triste e vago, estamos a falar de quê? Ah, já sei de eu não querer ser um caniche, não me sinto assim, e não posso ser o que não sinto, seria estar a enganar-me a mim e aos outros. E que dizem os outros, questionei eu. Quais outros? Os outros são os outros e eu sou eu, disse ele num tom seco e que eu achei arrogante. Não podes estar isolado no teu mundo, vives com os outros e precisas dos outros, não é verdade? De onde vem a tua auto-estima? A minha auto-estima vem de ser quem sou, um rottweiler e não aquilo que os outros querem que eu seja. Já li muita coisa e sei que isso de dar ouvidos aos outros, se chama, emprenhar pelos ouvidos, ser parte do rebanho ou influência social. O homem torna-se prisioneiro das suas decisões, não é livre, pois tem consciência e a liberdade está associada e confunde-se ao homem alienado no grupo, na sua totalidade passiva, que se produz como factor para a sua integridade, renega a sua condição em proveito de um todo, este alienado pelo social encontra-se vazio, desprovido de sentido como um Robinson Crusoe que se vê preso na liberdade da sua condição, na qual não teve escolha, ou livre arbítrio. A consciência sofre da intencionalidade da fenomenologia e do inconsciente Freudiano. Ter consciência é ter sempre consciência de algo, de Husserl, em Hume até Sartre. Eu sou mais aquele igual ao homem que ultrapassa as dificuldades e que se fez a si próprio. Lembrando Saint Genet de Sartre ou a Resiliência das crianças do Haiti. Eu ripostei, mas tu não estás só no mundo, pois tens a liberdade de não escolher e estás sempre colocado diante do outro. O absurdo da existência é sem dúvida o encontro que fazes contigo mesmo pelo confronto com os outros, “Houis clous”, será sempre o infindável truque mágico da fé no humanismo, na viagem Utópica de Moore. O Tobias ripostou, logo e também, na sua cultura, mas é também o Absurdo de Camus. Eu aproveitei e filosofei mais, para o confundir numa intelectualização de razões absurdas mas vincadas de significância do seu significado, pois também é uma técnica, ouvi dizer por ai, que deixar alguém confuso é bom para se poder tomar uma decisão ou uma não decisão. Como é que o mundo, a vida pode adquirir um sentido para ti? se estás ausente do sentido de ti, procuras o teu reflexo numa passagem do tempo onde te esqueces-te de ser o futuro. Sendo considerado motivação as falhas do passado projectadas no futuro, como se fosse para chegar a algo que se quer conhecido antes de se ter descoberto. Um homem não é mais do que a soma dos seus actos. Onde, os seus “actos falhados” são a inconsciência da sua verdade, porque falhamos ao optar, ao escolher, castrados da realidade da decisão é nos permitido escolher moralmente o que vai contra os desígnios do homem e acarreta culpa, Sísifo subindo e recomeçando numa programação ao estilo de Matrix para não ser esquecida, para doer na consciência, na condição ou num “País das Maravilhas” onde Alice se perde para se encontrar. Tu não serás outro se não fores tu próprio, assim ficas confuso, e deves ter em consideração o viver em comunidade, com os outros para os outros, assumindo o teu papel, tu és o actor, o fazedor da tua realidade. Então estás-me a dar razão, disse o Tobias com os olhos meio a brilhar, posso ser quem eu quiser, não há juízos, preconceitos, nem prévias condições. Posso ser um rottweiler, certo? Mas se estabelecer a minha condição nos outros, vou ser Julgado pelo seu olhar, o olhar não reflecte nada do Ser, pois apenas é reflexo do que os outros julgam parecer. Nada é o que realmente parece. Então posso estar em dúvida com a minha condição. Posso ser quem eu quero, num eu imaginário, sem ser preciso estar fixado numa convenção de marcas, de produtos, de números, de classes. Como sou eu? se tenho que ser eu com os outros. Queria-me refugiar na mentira, nas desculpas, nas justificações, queria ser incapaz de distinguir para poder perseguir, sem vantagens, sem o juízo critico, cínico ou clínico, sem o olhar do outro sobre mim que me julga nos seus conceitos, pré-conceitos e des-feitos, que é uma forma nova de dizer, aquilo de que não somos feitos. A medida que vamos aprendendo, a verdade, deixamos as máscaras, caiem também os personagens, já não há palmas na plateia, e o actor está nu, e mesmo assim haverá algo para retirar nem que seja a sua mente. Despido de si, vai um homem consciente de si. O homem já não é senhor na sua casa, ficou no divã, eu não quero isso para mim. E, ando bem pior, desde que faço aqui terapias contigo, antes, não tinha estes problemas era um cão e isso bastava-me. Agora estás a exagerar, foste tu que vieste com essa dúvida de seres o que não pareces. Como? Não, pareço? Levantou-se o Tobias numa atitude de revolta e barafustou entre dentes grunhidos que não se distinguiam porque eram, assim mesmo, indefinidos mas cheios de «rrrrrrrrrrrrrrr», agora estou mesmo zangado até tu me olhas com um ar critico e julgas o meu aspecto. Estou só! Gritou num desespero que até me fez doer a alma. Estou só, estou mesmo só. Repetiu em surdina, o que me deu espaço para entrar e confrontar este comportamento. Então! Agora estamos com a Autopiedade, a bater à porta, não te estejas a bater, pois estás a desviar o assunto e a transferires a tua raiva para cima de mim. Olha, já fui vacinado, clarificou o Tobias com frontalidade e não tarde nada, estás a dizer que tenho um comportamento atípico, ou anti-social, que sou doente e que isto não tem cura ou que o problema é com o abandono da mãe ou do Pai ou então da sexualidade reprimida. Não quero saber. Assim não vamos a lado nenhum. Quando é a próxima sessão, vou ver se venho! Claro que vens, estamos apenas no princípio. Anda Tobias, queres vir a rua? Vamos! Anda, vamos a rua, Tobias. De um pedido passei a uma ordem e assim rapidamente passei de novo a ser eu que tenho a sessão controlada.

Hoje sem consulta por causa da greve, fizemos o contrasenso que é ter uma consulta sem o ser.


24 de Novembro de 2011.
Hoje não houve consulta por causa da greve, foi o que o Tobias justificou. Eu aceitei. Mas perguntei-lhe: Porque não vieste a consulta? Porque houve greve! -Eu disse-lhe, que isso não era justificação e que podíamos ter adiado ou arranjado outra forma. Argumentei que na última consulta ele tinha trocado as suas prioridades e que tinha ido apanhar sol, como se isso fosse fazer qualquer ou alguma coisa, confrontei-o com a sua pouca preocupação, direi mesmo negação sobre o seu problema. Porque não admite? Porque lhe custa a aceitar a sua condição? A sua perspectiva distorcida, na sua luta interior entre ser um caniche ou um rottweiler, entre ser ele e ser um desejo de si próprio, esta alma anda confusa, falta-lhe estrutura. Foi óbvio de mais para min as suas dificuldades, nem preciso de usar qualquer método de aferição, pois na minha consciência social das necessidades sociais e vitais para a própria existência ele está inconsciente na sua consciência, se fosse ingenuidade, se fosse demência compreendia-se agora negar a sua real existência está relacionado com o seu propósito, se aqui viesse o pai dele de certeza que o confrontava na sua atitude de despreocupação perante as responsabilidades. Sê tu próprio, sê forte, porta-te bem, vê-la o que fazes, não aguento mais um desgosto. Nele a neurose subjectiva de Flaubert é provocada pela situação particular e familiar. A valorização do fracasso para a sobrevalorização do êxito. A imagem como produção imaginária é a possibilidade de negar o mundo, ao negar o mundo pode negar a si próprio. Mais confuso fica e desorientado pois não entende o que está para além da sua perspectiva, e na sua diferença é anormal, incapaz por comparação com os demais. Vá-la a gente entender o comportamento humano que se fez para ser tal como a palavra define humanidade, ser igual ao outro, quebra de regras aceitar os outros na sua diferença e não na sua indiferença. Então Tobias não tens nada para me dizer, fala sobre isso, fiz-lhe o convite, generoso, dê-lhe a permissão de falar, a oportunidade de o ouvir e este ingrato não aproveita, se ele deixar de investir é porque não está motivado. Bem pode ser depressão. Pois com aquela euforia toda é bem capaz de estar a deprimir, há então é por isso que está em negação, depois virá a aceitação. Bem, disse o Tobias depois de reflectir um pouco sobre o que devia dizer, pelo menos foi o que eu pensei, que foi esse o significado do seu silêncio. Porque o silêncio quer sempre dizer qualquer coisa, nem que seja estar sem vida ou estar calado, para não dizer asneira, o que, já é, por si mesmo uma forma de representação de algo fechado ou oculto, sendo preferível torná-lo manifesto, para se poder catalogar, curar, ajudar a gerir e outras formas afim. Que poder é este? Que se julgam ter, sobre o inconsciente, ninguém conhece ninguém, na realidade, porque não sabemos, quem é ninguém, quem está por detrás da máscara, da persona. Quem assim fala, é porque é desconfiado e então é preso por ter e por não ter. Bem, disse ele! Penso que ando mais calmo, menos contente, mas também não ando aborrecido. Ah, um sintoma! Confusão, uma porta aberta, abri mais uma porta aberta. Presença de alguns sinais de alguma falta de ambição, de motivação, mais algumas pitadas de falta de expressão facial das emoções e uma forte tendência para a ambiguidade. Desnorte que pode querer dizer rumo ao Sul e não ter falta de Norte. Enfim voltando a consulta que não houve, então marcamos a próxima sessão, sim com certeza. Mas o que devo fazer até lá? Boa pergunta deves fazer o que todos fazem, ser como os outros, não te ponhas a inventar. A Imitação é um processo natural de crescimento e ainda és muito pequeno para tomares decisões, segue as orientações, vai com calma e não tomes nada que te possa fazer mal. Como assim? perguntou o Tobias zangado. Aqui está, pensei logo eu esta zanga quer dizer alguma coisa, tanta reactividade, apanhei-o, anda a tomar algo, de certeza que está! Nem umas migalhas do chão, posso apanhar? Não posso ladrar a janela, a quem passa? Estou confuso. Confuso não, não estás, estás é a ser desonesto, sem h. Estás é em negação, confrontei-o, eu, do alto da minha serenidade, num tom amigo e compreensivo. Ele continuava zangado, queria quebrar regras, não lhes via o sentido. E mais, disse ele, mais ainda, com este corpo de rottweiler não sou assim tão pequeno, tenho que me mostrar, de que vale a pena ser um rottweiler se não posso exercer, é como um advogado, ou qualquer outra profissão, só o é, se exerce, e numa feira de vaidades pode constatar o seu conhecimento pondo-se em perspectiva com outros, atestar o seu certificado, incluir-lhe notas de rodapé, que servem apenas para isso, serem notas de rodapé, estabelecendo uma hierarquia de conhecimento que se quer cientifica e precisa, tal como a fome ou a ilusão da lucidez. Afinal ele está mesmo neste problema de personalidade, sou forte ou sou fraco, ganho ou perco, sei ou não sei, sou assertivo ou mole, sei ter razão ou não. Aí Tobias, assim não dá. Anda Tobias, vamos à rua.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Ok Tobias, anda, vamos a rua! Como o complicado pode ser tão simples. Mas como as memórias podem ser uma boa companhia.



23 de Novembro de 2011
Estamos em consulta, ou Quê?
Ou Quê, o quê?
Tic-tac, tic-tac, tic-tac, o relógio continuava a sua marcha, mas o Tobias não aparecia, estava atrasado aproveitei o tempo para refrescar a memória e tirar algumas teias de aranha, e viajei por onde me apeteceu pelo passado, o meu passado, não sabendo quem conduziu esta reprodução de memórias, mas deixando fluir e vendo, porque vejo também de olhos fechados e também sei sonhar de olhos abertos e noutros momentos não vejo nada e acredito que tenho os olhos abertos, nem sei sonhar a dormir, como diz o poeta «Os meus olhos são uns olhos, e é com estes olhos uns, que eu vejo escolhos, onde outros com outros olhos não vêm escolhos nenhuns». As coisas, que eu consigo e não consigo fazer, só por ser humano e adoro visitar-me a mim e as situações vividas. Se Narciso ouvisse isto, iria se sentir mais só. As saudades são coisas bem portuguesas, mas também pode ser por causa dos Velhos do Restelo. É como uma peça, um filme que vou seguindo com calma e segurança, pois visitar o passado é seguro porque sei onde vai dar, não vou ser surpreendido pelas consequências, mas posso sê-lo pelo tempo onde se desenrola a acção, como as crianças que vêem e repetem os desenhos animados, porque assim aprendem a lidar com o efeito surpresa e passam a ter a sensação de controlo sobre a situação, antecipam, preparam o simpático e o parassimpático, e sentem que controlam os seus sentimentos pois já conhecem o que vai suceder e assim antecipam o inesperado pois ele torna-se esperado. O que é que isto tudo tem a ver com ansiedade, aparentemente apresenta-se uma calma aparente mas os momentos são divididos entre esse espaço seguro, onde quero esperar, zona de conforto, em consciência, no entanto o emocional conduz-me a uma preocupação, ao por quê de este atraso? Algo aconteceu? Aqui abre-se um parentese curvo pois qualquer senso comum diria que é normal, porque nos preocupamos quando gostamos, outros mais introspectivos e relacionados com a causa efeito, falariam de controlo, de querer saber e controlar o que se passa na sua vida, elevando isto ao controlo do momento e no mesmo sentido me fariam ver ou reconhecer que talvez fosse no acto da vinculação, onde fiquei com medo da perda ou se não fosse do acto, seria do processo. Há sempre uma razão, uma explicação, procura-se reduzir e medir algo que é, tão da vida, e apreendê-lo numa estatística preditiva, modelos complexos de tomada de decisão, onde servirá para escrever e colocar notas de rodapé, credibilizando um momento, uma reacção, uma preocupação, para que talvez se possa fazer uma medicação ou mais uma sessão. E, que a minha segurança é adquirida pelo que os outros fazem ou não fazem, se estão ou não estão quando é esperado, se sou um actor ou um reactor é tudo culpa do coping, da modulagem e mesmo dos arquétipos. Tudo tem uma responsabilidade, as circunstâncias servem de atenuante ou de culpa. Bem vou esperar para ver o que aconteceu, é por isso que o mesmo tic-tac pode ser relaxante ou intolerável, então a culpa não é do relógio, mas de quem o fez, “The Blind Watchmaker”.  O controlo sobre o imprevisto tem esta monotonia pois não há simpático, nem parassimpático que o ature. O medo condiciona a entrega, mas alerta para o perigo. Mais dúvidas, neste momento, onde estou? Entre o esperar ansiosamente, sem o sentir e enganando o meu ser, dizendo: estou calmo, estou relaxado, confio e entrego. Posso continuar a minha busca silenciosa, ouvindo o silêncio, parando o tempo, rebobinando as viagens da mente no tempo real e no imaginário. No real no que foi ou direi antes aquilo que eu penso que foi, no imaginário, aquilo que eu penso que poderia ter sido, na negação é ficar naquilo que eu acho que devia ter sido. Ouvi, sim vem aí, no seu andar em quatro patas, movimento de quatro tempos que ele consegue fazer parecer dois bites, um tic-tac, relaxante do coração, e lá vem ele, ao ritmo do relógio. Então? Perguntei, então Tobias! o que aconteceu? Ele sentou-se e disse: estive a apanhar sol e que agora, o que era giro, era ir à rua. Ok Tobias, anda, vamos a rua! Como o complicado pode ser tão simples. Mas como as memórias podem ser uma boa companhia.

The Phazing


Vive os teus sonhos pois são a tua realidade. vive e aprende em cada dia há algo de novo. É no mistério do dia que o Ser se manifesta, sendo a sua verdade, as normas são realidades construidas para ofuscar o homem dando sentido ao que não tem sentido nenhum.
O sol não me fica bem, o vento frio na cara não me fica bem, isto não me fica bem, aquilo não me fica bem, não me associo à maneira como pensas, à tua música, ao teu sorriso sonsinho quando me vês na rua. É este o significado de "The Phazing", nunca te adaptes às coisas que não gostas, nunca te acomodes àquilo que te assombra, segue sempre aquilo em que acreditas e faz a diferença.http://www.facebook.com/ThePhazing
http://youtu.be/1JY8YHg0xzw
http://cull.tv/#!/173294/3321865

domingo, 13 de novembro de 2011

Em consulta - Tobias




Preciso de ajuda, tenho estado a jogar um jogo! Ah, então temos …, eu ia dizer um problema, mas contive o meu impulso, naquilo que eu achei ter encontrado para explicar a sua euforia, ele substituiu uma coisa por outra, então depois desta reflexão onde me vale a experiência, apenas disse num tom de levantar a dúvida ao mínimo, como se não tivesse a compreender: Ah, um jogo? Então, na minha perspicaz e lucida dedução, pois é com muita confiança que faço as consultas e estudei bastante para poder compreender e predizer comportamentos, na minha astúcia conclui que ele estava a precisar de ajuda. São poucos os que chegam à consulta neste estado de Determinação, a quererem fazer algo para mudar um comportamento, com o qual tem dificuldade em lidar. Sendo, que por vezes, há uma realidade não acessível, latente, que nas maiores partes das vezes e dos casos, quem tem mais dificuldade em lidar com esse comportamento, que se chama problema, é a família ou alguém próximo. E, o não identificar este problema chama-se negação, ou que estão doentes. Os próprios, mesmo que não tenham reparado nos problemas que têm com isso, mesmo que o seu trabalho seja ingrato, não seja por vocação mas por necessidade, o que pode fazer que, o Eu entre em conflito e provavelmente doenças somáticos. São levados a acreditar que há um mundo melhor, de gratidão onde o Eu se satisfaz nas banalidades do dia-a-dia, sem causa um homem não subsiste, o Eu não se alimenta e regride naquilo que pode vir a ser ou a se desenvolver numa patologia, Esquecido de si, o Self neste conflito existencial, entre aquilo que virá será sempre melhor que aquilo que se tem, por isso só por hoje fica satisfeito na dúvida do sentido, não vá o diabo tecê-las e ele parecer um louco perdido de sentido. Não há justificações, nem tempo para ouvir um homem nas causas, não há causas. Trata-se o Breve em Terapias e depois se a remoção do sintoma der lugar a outro chama-se substituição, e não há cura pois todos podem voltar ao comportamento anterior. Como se isso não fosse óbvio e humano, também se chama processo de recaída a dificuldade de mudança para a “terra prometida”, vais ver que vão gostar mais de ti, que vais-te sentir melhor. Que sentes? Que raio, posso eu sentir, a não ser emoção e a expressá-la, não a quero classificar, não posso, não consigo, não quero. Ah, ponto de exclamação, então temos birra, um Rei Bebé em acção, não se pode agarrar querendo explicar o que é natural, para poder fazer parte de um qualquer relatório, ficar esquecido pelo pó, num arquivo. Neste espaço onde revejo técnicas apreendidas continua a terapia. Bem, disse eu, então compreendi que precisas de ajuda e que é por causa de um jogo. Sim, disse ele com um rosnar algo estranho de quem está com pouca paciência e acrescentou, é por causa de um jogo, que me deixa fulo, andava eu todo contente, divertido a jogar na Nintendo ao Dog’s life, quando dou por mim a ter um problema. Sim, disse eu, e como é que isso te afecta? Esqueces-te de fazer as coisas necessárias, básicas, como comer, ir a rua, brincar com a bola, estar deitado sem fazer nada, de estar ao colo a receber festas. O Tobias levantou as suas orelhitas e franziu as sobrancelhas e eu pensei, “Eureka, quando caí do sofá” como se tivesse acertado em cheio no seu vazio, que o tinha confrontado com a sua impotência perante o seu comportamento, onde ele se sentia preso numa teia, tecida por ele mesmo. Veio-me a memória um Kuan oriental que diz “Tu és a solução para os teus próprios problemas”. Então pensando ter aberto uma porta aberta, perguntei-lhe com comoção na voz, directo ao assunto como uma seta em direcção ao alvo, na muge. Então por que não paras? O Tobias mostrou um ar suspeito e desconfiado e respondeu, mas como sabes que eu não parei! Pronto temos confusão voltou para Contemplação. Não sei, eu apenas perguntei. E refiz a pergunta como mandam os cânones, então diz-me lá o que se passa com esse problema como o jogo, paras-te ou não paras-te? Ou estás a ter dificuldade em parar. O Tobias perspicaz disse-me logo que não falou de problema nenhum, e que disse era que precisava de ajuda e que eu o estava a deixar confuso. Eu identifiquei Negação e vi logo que estávamos com um problema e que se ele não me podia ajudar então era difícil identificar o problema e a mudança necessária para o fazer. O Tobias, confuso perguntou-me mas tenho que mudar de comportamento? Sim claro como queres mudar algo que não te está a fazer sentir bem, estás com raiva. Estou? Perguntou-me ele, ainda mais confuso e surpreendido. Então, se eu peço ajuda é porque estou com um problema que não consigo resolver. Lindo “menino”, cãozinho, claro e fiz-lhe uma festa, algo que não se faz em terapia mas que aqui não é desaconselhável pois mantêm o paciente mais submisso ao que eu prefiro chamar de rendido. Esta, talvez tenha sido a consulta mais difícil de ter e parece que estou num beco sem saída, disse o Tobias. Boa, reflecti eu, estamos a ir bem, fala lá então de ti. Bem o problema é que no jogo, da Nintendo, no Dog’s life, não consigo passar de nível, não consigo mesmo, nem sei como se faz, não conheço ninguém que jogue a isto e estou stuck, deixei de jogar porque não consigo passar de nível. Será que me podes ajudar a passar de nível ou explicar como se faz, tenho aqui a Nintendo.
Tobias! Anda, vamos à rua!
Álvaro Carvalho, 12 de Novembro de 2011.

Consultório do Tobias



De novo em consulta, hoje o Tobias apareceu-me ou pareceu-me algo eufórico, falando muito de tudo de todos, dos meninos que estavam na rua com skates e que correu atrás deles e de uma bola mas que era muito grande para os sentes e que isso o arreliava, mas que correu muito, foi giro. Depois ouve uma menina que ele acha que não gosta de cães pois chorou e assustou-se quando o viu, depois ela quando ia a correr para o pai, atirou-se para o chão e que ele tinha saltado a volta dela mas que ela chorava mais ainda, que triste disse: uma menina com medo. Eu expliquei-lhe as normas não são iguais para todos e que a menina estava era com medo e não aceitou isso porque não fez nada e acha que ela é que não sabe brincar e que deve ter algum problema pois se os outros meninos brincam com ele e até o chamam esta menina está fora da norma e que os pais se deviam preocupar mais com ela pois ter medo não faz sentido. E queria continuar a falar dos outros e interroguei sobre o que é que isso lhe fazia sentir? Sentir? Sentir, como? Disse com um ar algo zangado e estranho. O que é que eu devia sentir por causa de a menina não saber brincar? Pensei cá para mim nos meus inventários de conhecimentos que ele podia estar a ter um problema de auto-estima pois parece-me que precisa de se relacionar com todos dá mesma maneira e precisa de ser reconhecido nestas atitudes sociais. Bem! Interrompeu o Tobias os meus pensamentos enquanto eu olhava para os sinais físicos que me pudessem ajudar a compreender melhor a sua euforia de hoje. Bem! Voltou a dizer, as pessoas acham piada por eu ser pequenino, o que me dá a liberdade de fazer xixi onde quero e cocó, também tudo se aceita quando temos graça, e eu sei, me comportar de forma a ser aceite sem muitas ondas, nas calmas. As vezes mandam para a casota e sei que foi injusto e vou contrariado, mas vou que é para não se aborrecerem mais e assim pensam que sou bem-educado, “Sou um bom cãozinho” sempre fui. Mas é preciso uma paciência a determinadas regras, e acho que devia era ir para padre já que sou virgem, só me falta é um desgosto de amor para ter vocação. Bem continuava a falar por falar como se não quisesse falar dele, mas fosse dando pistas para eu entrar, parecia que me estava a testar, a mim? À minha prática, à minha ajuda. Até que depois de um valente silêncio, disparou, tenho vindo as consultas só faltei por causa da greve, e não sei se isto resulta mesmo, não vejo avanços, no outro dia fui daqui ainda mais triste e resolvi meter acção e fui para a rua ladrar e houve uma cadelinha que está sempre em casa, gira com um laço que esteve a ver as minhas brincadeiras com os miúdos eles até me puseram em cima do skate e eu corri muito e saltei cheio de vitalidade. Ora aqui está pensei eu fugiu-lhe a boca para a verdade e por isso está eufórico, não, não está, isso é a minha interpretação à sua alteração, ele está é motivado por algo novo lhe estar a surgir e são sentimentos naturais pois se nos dizem que é nos relacionamentos que se controla a nossa auto-estima, se ele não se sentisse com pica, com adrenalina, iria desencadear um falso sentido de perigo perante a realidade biológica a qual ele não deve bloquear, para alguns tratamentos ou abordagens é melhor mantê-los parados que é igual a estáveis ou deprimidos para se poder dar medicação, é tudo um ciclo, esquematizado de negação do eu pela normalização de um padrão que se quer controlado, maduro dizem uns que é o contrário de infantil. Não há maior mentira nisto, é tudo uma questão de conveniência. Mas voltamos à consulta, da última vez entrei com sentido que me faltava qualquer coisa mas esta semana, tenho-me sentido melhor, não sei se é do tempo, da lua cheia, de estarmos no verão de São Martinho, mas estou mais Up, mais energético. Coloquei nova pregunta no final do seu discurso: - não mudaste de ração? continuas a fazer as mesmas coisas? Sim está tudo igual bem tenho jogado um pouco mais de Nintendo mas nada que me tira tempo. Nintendo? Perguntei eu. Sim Nintendo é um novo modelo que saiu e estou a experimentar, é só empurrar com a minha pata. Notei que no seu ar sério ao falar, ele me pareceu um rottweiler e não um caniche Toy e pensei que, ele só tem dois anos mas está maduro para o tamanho e parece hoje aceitar-se mais, na sua condição. Estávamos quase a chegar ao fim da sessão, sendo verdade que as sessões não tem fim, mas que apenas são um percurso em etapas que vamos percorrendo, não há fim na obra do artista, pelo menos é o que ensina a História dos homens que o artista nunca alcança o final da sua obra e que pode até cegar com isso e que a história da humanidade em círculos viciosos continua a procura da sua estória. Em final de sessão fizemos um apanhado sobre o que falamos e com alguma informação básica reforcei que a euforia confundida com alegria, satisfação ou outro tipo de definição apenas serve, ao ser identificada para se tentar parar o comportamento, e que aquele que o identifica se encontra portador de algo só por ele conhecido. portanto um eu desconhecido é apresentado ao outro. O Tobias olhava para mim com ar de curiosidade mas discordou totalmente, algo que não se deve fazer ao terapeuta pois pode ser identificado como arrogância. Mas convencido, afirmou! Sim ou Não, isso tudo depende do que se quer ver ou fazer parecer. Como é que sabes que eu não te estou a enganar ou a despistar? Porque pensas que é assim tão benéfico para mim saber do motivo deste estado de espirito, não me chega a mim só e apenas o prazer de o sentir ou detestar, não me compete só a mim? Eh, lá! Então? Interrompi eu. Qual é o problema? O que se passa para quê toda esta reactividade, pensei eu entre os meus botões (mais tarde em supervisão fui analisar o que me provoca a reactividade do outro ou seja não fui analisar a sua reactividade, mas como terapeuta observei também a causa da sua reactividade, numa analise transaccional) algo de mim despoletou aquilo, pois é matemática simples comportamento gere comportamento, mesmo que não queiramos ou então posso justificar que é a sua dificuldade, a sua intolerância ou sempre dizer que esse comportamento é intolerável, santa ingenuidade a minha, sobre o controlo da sessão e do outro. E o Tobias respondeu-me com calma: Problema? Qual problema? Quem disse que havia um problema? Pois é, como é que eu fui nisto.
Tobias! Anda, vamos à rua!
Álvaro Carvalho, 11 de Novembro de 2011.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O Tobias foi à consulta da ALMA


Vi que ele não andava bem e resolvi fazer outra consulta com o Tobias, marquei para fora da sua casota para não ser no seu território e fomos para o sofá, o meu território. O Tobias apareceu-me, assim como se vai as consultas, na consulta, triste, cabisbaixo, demorou até começar a falar e eu esperei em silêncio terapêutico convidando ao profundo pensamento e ele entre excitações lá foi dizendo: - ( que não tem namorada e pensa que se fosse um Rottweiler seria mais fácil. Seria mais fácil ser desejado, com menos esforço chegaria lá e que ouviu dizer, por aí, nos livros e na TV, que as pessoas podem ter ego e sentir orgulho. Eu perguntei-lhe depois de um silêncio, mas o que é que te impede? De quê, perguntou-me ele, num ar longe com os pensamentos voando em imagens por ele imaginadas de tudo e de nada. Há, tenho medo! Medo? Questionei eu, medo de quê? Então ele com calma foi dizendo, que: - Não sei! Mas lembro-me de uma vez, ler o “Principezinho” e fiquei com medo, nem dormi durante alguns dias, perturbado com a sua solidão e com a sua procura, à procura de um amigo. Que cruel foi aquele Saint Exupéry. Bem, aqui fiquei mais preocupado, pois pensei, não sei se hei-de de aplicar-lhe algum método quantitativo ou se vou ao cinema com ele, ver o “Alice no País das Maravilhas” do Tim B. para ele poder ter identificação e não se sentir tão sozinho, mas no cinema ainda me sinto mais só disse num latido triste, o meu Tobias. E continuou, falta-me qualquer coisa que me dê prazer, assim forte, potente, ouvi falar de sexo e não conheço, sou virgem e tenho vergonha, disse baixinho, mas depois aumentando o tom reforçou, que: - mas aos cães lá da rua, vou à janela e ladro muito, como eles, para me fazer notar e eles assim pensam que eu já tive muitas, “experiências” e que sou difícil e forte como um rottweiler. Pensei em ir-lhe buscar um espelho, para ele se ver, mas podia-lhe criar uma falha narcísica e Orkut zangar-se-ia comigo dizendo que:  - Essa fenda! não é para entrar, escolhe pré-Contemplação.  Bem como estamos em consulta de forma holística, vou tentar entendê-lo, com empatia, viajando com ele, vou ser ele sem deixar de ser eu. É como se esta angústia de ter que ter prazer e sexualidade fosse comandada pelos meus genes, como disse o R. Dawkins, os memes, e que antecipando o perigo de não deixar descendentes eu vá sofrendo de angústia por oposição ao prazer que devia sentir, não sou livre, custa-me a respirar, doí-me o peito se calhar vou antes ao médico. Sobre a angústia da decisão. Do problema da angústia ser determinado pela antecipação de um perigo como o sentimento de ausência de defesas ou o fracasso da razão. Aqui vi-lhe uma lágrima e lembrei-me do Pathos, Logos e Ethos, fugi para não sentir pois não me posso emocionar quando estou em consulta tenho que ser “rottweiler” mas sereno. Passei o assunto para mim, tomei-lhe o leme e dei-lhe um rumo e resolvi falar-lhe dá angústia de Freud e de Kierkegaard e disse-me que já tinha lido isso tudo e que não o fazia sentir melhor. Disse-me que já foi religioso e existencialista, mas que não pode fugir dele. Já tinham passado mais ou menos 52 minutos no relógio de parede que eu observava sem que ele notasse para não ficar comprometida a nossa relação, pelo tempo e num tom calmo e amigável disse-lhe bem por hoje chegamos a fim e vamos marcar uma próxima consulta. Tu é que sabes, levas-me a rua? Claro, anda!
Álvaro Carvalho, 10 de Novembro de 2011.

O Homem que não se fez “mudo” para poder comunicar. Que estupidez!


O homem receia ser estúpido, onde se mede o saber? Onde pára a dúvida? Onde começa a inteligência? Fala-se de tudo como se falar fosse importante para dizer ao outro aquilo que percebemos. A palavra deixou de fazer sentido, de ser verdade. Um aperto de mão já não é convicção e respeito mas obrigação. Bom dia como está? Quem quer saber? Se não sabe porque pergunta? Aprendemos a tudo medir de forma a podermos classificar e explicar o que não entendemos para que se faça luz sobre a escuridão e que não se vejam sombras na caverna, Platão adormeceu e o homem esconde-se por detrás da sombra do cotidiano numa axiologia pobre de espirito de forma a preencher o vazio de alma com algo para satisfazer a sua grandiosidade porque sim as sombras são maiores do que a forma que lhes dá origem. Quando olho para uma árvore tento perceber que é nos seus elementos que está o todo. E este é aquele que vê, por vezes fechado dentro de mim não vejo e apenas ouço o que penso aí estou obcecado na cegueira das coisas serem como eu quero e opino e dou-me sempre que quero a razão, ter razão torna-se tão importante como falar por falar, este é o homem loquaz ciente dos seus sapatos de alto curtume. A ingenuidade perde-se com o tempo com a sociedade, acorrentado por todos os lados o homem torna-se Rousseau, Marx e Totem e Tábus, tudo o que é da psique é do social e vice-versa ninguém pertence sem se fazer ao estilo do necessário satisfazer, muito menos uma princesa triste representada por Lipovestsky e Marisa no Fado, portanto a palavra passou a sentimento mas deslocada do tempo, vivendo no tempo de outros e na voz de outros. Porque outros dizem por nós o que pensam que somos, como devemos agir, porque fazemos parte da norma. Talvez a Severa tenha sido prostituta iniciada pela mãe, o que deixa sérias dúvidas sobre a lealdade humana, pois quando alguém conta isto, é de forma a satisfazer a curiosidade e a poder, se aceitar moralmente, no seu eu, sou melhor ou pior, medido por aquilo que se faz. Sem a palavra falada e escrita a história seria silenciosa e o homem que não se fez mudo para poder comunicar, dizer de si ao outro, da sua presença precisando desse espelho onde se compare para se engradecer. Tântalo e tantos outros sedentos caiem na angústia da decisão do Pais das Maravilhas. Então as dúvidas são femininas e as certezas masculinas, umas são Alices e Penélopes outros são Ulisses e Sísifos. Tudo Vermelho e negro ou branco e preto sem dialéctica. A aldeia Global sofre de um Choque do Futuro e o homem subitamente acorda perante uma sociedade desconhecida mas Platão continua a dormir pois sabe que alguém irá falar por ele, será a sua voz e isso é o futuro. O uso da linguagem não pode corresponder aos interditos e aos não ditos, a linguagem não tem acesso ao oculto apenas pelo lapso se poder dar algum entendimento ao sentido não proferido. Por que se estuda então o homem, a sua natureza e a sua socialização apenas para escrever páginas de história que será escrita por aqueles que não a fizeram. Nem Sócrates morreu nem o actor perdeu a máscara, a persona, continua o Si, sem consciência do seu inconsciente, ainda estamos na Idade Média, não tenho dúvidas pois não há apesar de alguns rumores consciência espiritual. A realidade é constituída por muitos tipos de diferentes substâncias de sentido, o sentido comum é a ironia de um Saramago ou o sentido de alguns. Vivemos numa negação de nós mesmos crendo ser verdade o que dizemos, fazemos ou escutamos, como único e tão extraordinário que tal nunca se viu. Ridículo o homem na sua estupidez.

Álvaro Carvalho, 09 de Novembro de 2011.

Ode ao desejo.


Ode ao desejo.
Se falar de amor, É para alguns um símbolo, o seu significado. Para outros, é mais um perdão, do que uma razão, por todo aquele que não conseguiram dar e por todo o que perderam.
Se numa escada para a ascensão fosse contabilizado o degrau onde se encontra todo aquele que não deu, seria a inversa da que se permitiu receber. Não há correlação. Quem não dá não recebe. Que verdade é esta? Como se não pudéssemos receber algo de forma simples como o amor e tenhamos de dar, dar, dar para receber. Não se dá nada para se receber e isto é claro que torna a lei do amor algo bem mais honesto.
Fica-se quando se olha, com olhos para o passado, numa visão alternativa, a amarga sensação de se olhar para o que se perdeu mais do que aquilo que se conseguiu agarrar, sentir. E não vivo angustiado, porque tenho a percepção que o alcance do meu ser, foi sempre mais além do que o meu querer, foi para além da realização, num ciclo sem fim.
Posso clamar, que é da condição, á qual me resigno com satisfação, porque é ilusão tudo o que tenho comparado a tudo o que perdi. Posso justificar com a razão, catalogar a sensação. E apenas lhe vejo a sombra da minha estática posição presente, num futuro adivinhado mas inconsciente. *Porque não posso desejar aquilo que mais necessito de dar?
Álvaro Carvalho, 09 de Novembro de 2011.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Tobias, pensando! mas fingindo dormir.

Tobias está descansado, todos pensam que está a dormir, mas pensa, pensa muito como um bom cão e está chateado porque não pode ir lá fora, porque está a chover. Não gosta de molhar as patas.
As suas dúvidas são as de a maior parte do pessoal. Quanto tempo tenho de descanso? e quando se tem descanso - aí estou cheio de vontade de ir trabalhar. Não tenho nada para fazer, ele não precisa de fazer nada apenas relax e não sofre de tédio nem de obesidade, está na maior e ainda por cima tem consultas de psicoterapia comigo devido aos seus problemas de identidade. sou eu ou sou um Rotwailler?, sendo um Rotwailler não posso ser eu? Sou um Rotwailler ou sou eu? Posso ser ambos? o que ele não quer é ser ele, negação ou aborrecimento.
E assim se vai passando o tempo: Olá como está? os meninos? então por onde tem andado? Patatipatata...
Tipo Bruuu que frio! nunca mais vem o verão. Depois no Verão - Bem este calor é insuportável!

Por isso o Tobias finge que está a dormir assim não há problema.
As consultas não estão a resultar, ele não quer mudar, diz que não consegue, fala-me de genética e de traumas em pequeno e que de resiliência só há lá para os lados do Haiti.

E diz, que os psicólogos são todos iguais, que só sabem catalogar e apenas conseguem predizer um comportamento quando está dentro da norma, fora é um caso perdido, cheio de "azia".

Portanto vai acreditando em Sartre e no Criacionismo para não se sentir culpado.

domingo, 6 de novembro de 2011

O PODER do ANEL.

O problema de poder de mandar ou de pensarmos que mandamos é a perda de humildade, do bom senso, da coerência, da lucidez, fica-se tal como o Ensaio sobre a Cegueira em Negação. O ANEL. O meu precioso será sempre meu e enquanto não o possuir não descansarei, e se o possuir será ele que me possui. Pois ninguém detém o poder somos usado por ele seja como for. Devemos ter cuidado com o que desejamos.
Não falo de nada que não seja do senso comum, a menos que sejamos jovens e inexperientes. Mas pensamos sempre que será diferente, inocência. Já passei pelo seu desejo, acreditando que tinha algo que não era meu e negava pensando que servia. Mas como nunca gostei de graxas e de falsidades, largo quando não me identifico nas analises, juizos ou confusão. Fazemos e dizemos coisas da boca para fora normalmente transferindo os nossos medos e desejos, pensando que sabemos quem são os outros, o que pensam.. Que erro não há nada de mais inseguro do que nos julgarmos acima fingindo que somos iguais.

O ANEL esse é  problema da posse, de dizer é meu.

sábado, 5 de novembro de 2011

Abrir uma porta aberta

A transformação é apenas resultado da vida, o desconhecido só nos é estranho até se fazer revelado. Com o tempo, o conhecimento pode se tornar uma grande desgraça devido a imprudência e passa-se de seguros a descuidados.


sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Tudo está mais pequeno ou sou eu?

Na última vez que estive no Cristo Rei ele estava maior e ainda há dois anos no Natal quando tinha uma faixa iluminada a dizer SAMSUNG, parecia-me muito maior. Mas agora que vejo bem parece-me mais pequeno, muito mais pequeno porque será?
É impressão minha ou a vocês também parece mais pequeno?

A Borboleta da mudança faz-se dia a dia

18 Anos é a Idade em que já se pode votar. Será que já posso votar nas consciências de Grupo? ;))

O Tobias, o cão Rotwailler!

O Tobias tem coisas estranhas, ladra para coisas que não fazem sentido nenhum. (nenhures/Utopia).
Também somos assim?

Tem uma casota nova toda Europeia em forma de Cultura e de Economia, não está em crise porque está lá dentro protegido do frio, da chuva, com comer, lavado. Assim a Europa devia cuidar de seus povos.

Mas como o Tobias pensa que é um Rotwailler e não tem humildade ou está descompensado, não se reconhece nem se responsabiliza pela sua perda de identidade, ou antes confusão.
Somos Unos, Barbaros, Visogodos, Francos, Hélenicos, ou tudo e nada?


Faz hoje 18 anos que descobri um caminho desconhecido. Entre o que eu conhecia e o desconhecido que me foi proposto segui este o que me era misterioso e me parecia oculto, hoje vejo com clareza, tenho descoberto tesouros, tenho vivido a vida e descobri a minha profissão, a minha paixão, vivo sendo eu, feliz como nunca o fui e verdadeiro para comigo. Não me sou estranho, nem desconhecido. Mas houve tempos, onde a dúvida e a incerteza e o medo, forçaram, mas não desisti e segui mesmo desconhecendo o caminho que o futuro me traria, perguntando a mim mesmo por que tenho eu de passar por isto para aprender o quê? Muitas vezes não vi mas fui escolhendo mais pelas coisas que não queria, e o meu destino foi se traçando e caminhando um dia de cada vez, passo a passo. Nunca imaginei há 18 anos atrás, que quando tive que fazer uma escolha entre várias que já tive que fazer na vida, que seria assim, bem longe estava a visão não tinha universalidade era míope no futuro e aquilo que eu pensava ser utopia é hoje uma realidade da verdade. Obrigado. E a minha profissão preferida é viver a vida.

Ao domingo não a consultório e logo neste dia que o latente se manifesta.


O Tobias disse-me; Hoje passei o dia a observar pessoas ou seja a tirar inventários.

Sempre é melhor do que andar no consultório, com aquelas questões:

Sou um cão? apenas um cão? um caniche toy? ou um Rotweiller?


Basta olhar para mim e não me restam dúvidas.


Sou ou não sou um ROTWEILLER? Hem?

Alguém tem Dúvidas?

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Se havia o milagre porque deixou de haver?

Lembrei-me, como por acaso, quando estava a ler um facto histórico "mítico?" ou lendas, sobre "o milagre das rosas" e pensei sobre, o que a fantasia de um povo pode fazer para proteger uma mulher transformando-o-a em -santa-: Era pão? ou isso era, o que ela quis, que se pensasse perante o facto de ser apanhada com rosas, que alguém lhe terá oferecido? Se alguém lhe oferecer rosas isso é Impulso. O Rei sentiu-se ofendido na sua dignidade.
A Rainha tinha uma relação estranha com o Povo ou encoberta pelo povo uma relação com alguém? Aqui fica que nem sempre sabemos tudo da história. Nem a história tudo sobre nós.
Aqui! neste lugar, onde aquele corpo descansa, não há rosas nem milagres, não há fantasia, apenas há o abrigar do frio, num descanso, antes de acordar, para partir de novo, em busca de uma côdea de pão. "apenas pão Senhor".
Descansem que ele não está morto, ainda!, é apenas um anónimo sem abrigo, sem direito a ser gente na sua imensa solidão. Continuamos mediáveis.

Portanto este é "O outro lado da Lua", a face oculta da história de todos os dias, que não queremos ver e preferimos acreditar em milagres e em dignidade.