É tudo uma questão de não ser desconhecido num mundo aparte, ou seja os anónimos não se desconhecem nem são estranhos, são anónimos na sua vida, nas suas acções, nas suas loucuras, nos seus desejos, naquilo que são, vão sendo sem o reconhecer, só porque o são.
Hoje conheci um anónimo não se queria fazer conhecer. Não é alguém nem ninguém é apenas anónimo não de si mas para outros que o pensam conhecer, só porque lhe vêem a sombra, porque lhe escutam os passos e o bater da sua pulsão nas palavras que lhe fogem da mente. Não está escondido, não é egocêntrico, nem vaidoso. caminha na terra pelos seus passos, sentindo o vento e as marés que atravessam os tempos. Não é uma sombra de si, não mendiga a vida, nem pela vida. Onde há páginas da vida em branco se escreve com tinta transparente as raízes da existência, onde nada é absolutamente certo ou errado, nem aquilo é o que parece nem o que desaparece. Tudo se esquece e passam por ele como se ele fosse o que vêm sem o sentir. ele existe nos outros, nos que pensam nele, nos que o tornam real, nos que dele falam como se fosse ele a falar por si, sem saber que o fazia, esqueceu-se de tudo do que não se queria lembrar. Procura-se ser que queira não ser alguém que se torne desconhecido, nisto pensa-se estou perdido porque desconheço mais de mim do que aquilo que devia me ser dado a conhecer. A personalidade qualitativa ou quantitativa normaliza-se. Na verdade procura-se ser alguém ou ninguém nos conhece. Sem nome um anónimo é um sem nome. Tira-lhe o nome e perde-se a existência, o conhecido torna-se desconhecido. As cores são negativos. O que me espanta num anónimo é a sua determinação em não ser mais um. Somos anónimos da vida que passeiam pelo presente. Há aqui algum anónimo perguntou-se na sala e ninguém respondeu porque todos queriam permanecer no anonimato. são genuínos.
*Álvaro Augusto dos Santos Carvalho, 2012.