DASS - Group addicted and students.

Álvaro Augusto dos Santos Carvalho, 2009.

Abstract Resume
The association between Anxiety, Depression and Stress using a Portuguese adaptation from A. Baptista, R. Santos, A. I. Silva & I. Baptista, 1999; for DASS o Lovibond & Lovibond, consisting of a sample of ten University Students and ten subject Addicted to psychoactive substances. Investigative theory tends to support the idea that the levels of activation are dependent of a variety of factors. The results from the data analysis show a significant difference in the levels of depression, anxiety and stress between the two groups. The group of addicted show higher levels in DASS-Scale.
Key-word: Addicts, Anxiety, Depression, Stress, University Students.


Resumo
       O presente trabalho consiste na associação entre a ansiedade,  depressão e o stress, avaliados a partir da versão adaptada para a população portuguesa (A. Baptista, R. Santos, A. I. Silva & I. Baptista, 1999) da Depression, Anxiety, Stress Scales – DASS de Lovibond & Lovibond 1995, em 10 estudantes  do ensino universitário e 10 sujeitos toxicodependentes. A investigação teórica utilizada parece demonstrar que os níveis de activação podem depender de diversos factores. Os resultados obtidos demontram que existem diferenças significativas entre as duas amostras, sendo mais elevados nos indivíduos toxicodependentes na DASS.
Palavras Chave: Ansiedade, Depressão, Estudantes Universitários,Stress, Toxicodependentes

       A história da humanidade é fértil em relatos do homem e consumos de drogas. A toxicodepência é um fenómeno social e cultural devidamente contextualizado. A adicção a substâncias psicoactivas caracteriza-se por uma relação patológica de amor e confiança com um objecto ou acontecimento (cit. in A Personalidade Adictiva).
       Existem poucos estudos de investigação científica sobre a procedência de perturbações mentais induzidas por substância. Diversas investigações em alcoólicos demonstraram que entre a 2ª semana e a 4ª semana após abstinência total os sintomas depressivos se reduzem ou desaparecem entre 30% e 50% dos indivíduos da amostra (Brown e Schuckit 1988; Brown e col. 1995 cit. in Margalho Carrilho, 2005). Diversos estudos indiciam que o Álcool desrugula o Humor independentemente do padrão de consumo, sugerindo que alguns indivíduos estão em risco de depressão severa em função do seu consumo crónico (Asnis e col, 1993; Murphy e Wetzel 1990 cit. in Margalho Carrilho, 2005). No que respeita à ansiedade 80% de dependentes experimentam ataques de pânico na fase de desintoxicação, outros estudos dizem que 35% de indivíduos sofrem de uma peturbação de ansiedade induzida por àlcool (cit. in Margalho Carrilho, 2005). Para além das “pertubações mentais induzidas por substâncias” é bom não esquecer que existem sintomas isolados provenientes das próprias propriedades farmacológicas de cada substância em situação de intoxicação, privação ou abuso persistente a exemplo alucinógenos provocam alucinações, os estimulantes provocam euforia e o uso crónico de sedativos provoca sintomas depressivos (cit. in Margalho Carrilho, 2005). No caso das perturbações afectivas o diagnóstico é difícil por um lado porque as drogas de abuso, especialmente com o consumo crónico, mimetizam qualquer peturbação psiquiátrica e por outro lado os primeiros sintomas de indivíduos com peturbação de uso de substância são frequentemente ansiedade, insónias e humor deprimido. Em termos de neurociências, psicofarmacologia e toxicologia a intoxicação de álcool e o uso de estimulantes podem provocar sintomas impossíveis de distinguir da mania ou hipomania e os estados de privação causam frequentemente sintomas de ansiedade e depressão (Principles of Addiction Medicine, 2003) . Também o consumo crónico de estimulantes do Sistema Nervoso Central, como anfetaminas e cocaína, podem causar euforia, energia aumentada, redução do apetite, grandiosidade e por vezes paranóia o que pode parecer muito similar à mania e hipomania (Principles of Addiction Medicine, 2003). A privação de estimulantes de S.N.C., cocaína, pode provocar anedonia, apatia e humor deprimido e o uso crónico de depressores do S.N.C., como àlcool, Benzodiazepinas, Barbitúricos e opiácios, estão associados frequentemente a humor deprimido, concentração diminuída, insónias os quais são sintomas de depressão (Principles of Addiction Medicine, 2003). O consumo de drogas adictivo de drogas está associado a estilos de vida e comportamentos, que levam a múltiplas perdas e situações de stress. Estas perdas podem precipitar um humor deprimido o qual é apropriado e transitório, daí que existam estudos em que 98% dos dependentes de substâncias que se apresentam para tratamento têm sintomas depressivos. A maioria destes sintomas remitem com a abstinência até aos 5% (cit. in Margalho Carrilho, 2005). A frequência dos sintomas de ansiedade, depressão e stress durante a privação e intoxicação é um facto no entanto de acordo com estudos a sua redução e controlo vai-se realizando com a recuperação. Estudos clínicos revelam taxas bastantes baixas de depressão 8% , outros 78% e outros ainda 18% (cit. in Alcoolismo e Toxicodependência, Manual Técnico 2, 2004). O termo “comorbilidade” refere-se à ocorrência simultânea de peturbações por uso de substâncias psicoactivas e outras doenças psiquiátricas. As pessoas afectadas são geralmente denominadas como doentes com “duplo diagnóstico”, distingue-se tanbém a doença primária da secundária (cit. in Alcoolismo e Toxicodependência, Manual Técnico 2, 2004). Depressão segundo Lovibond e lovibond (1995), caracteriza-se principalmente pela perda de auto-estima e de motivação e está associada com a percepção de baixa probabilidade de atingir objectivos de vida que sejam significativos para o indivíduo enquanto pessoa. A depressão pode interferir de forma significativa na vida diária, nas relações sociais e no bem-estar geral dos individuos. Segundo Boyd e Weissman (in Ballone , 2003), “mais de 5% da população sofrerá de uma depressão maior nalgum momento das suas vidas e aproximadamente 3% experimentará uma depressão menos severa”.
       O Stress é a resposta do organismo a situações que representam algum tipo de ameaça à sua integridade. As reacções ao stress resultam do esforço adaptativo. O Stress pode ser entendido como uma reacção intensa do organismo a qualquer evento bom ou mau que produz alteração na vida do sujeito. Segundo Everly (cit. in O’Brien, 2002). Diversos rótulos verbais são utilizados para descrever um estado desagradável ou tensão, acompanhado por sintomas de activação fisilógica, como palpitações, dificuldades em respirar, tonturas, suores, sensações de calor ou tremores, desencadeados por uma ameaça real ou antecipada (Baptista, 1988 cit. in O medo, a ansiedade e as suas peturbações). Os distintos tipos de ansiedade e as suas desrugulações aparecem num indivíduo em desenvolvimento, habitualmente, durante a infância até ao início da idade adulta, tendendo depois a diminuir coma idade (Baptista. A., Carvalho M. E Lory F. cit. in O medo, a ansiedade e as suas peturbações). No estudo da ansiedade, são distintos dois conceitos fundamentais: a ansiedade-estado, que se refere a um estado emocional transit´rio caracterizado por sentimentos de tensão que podem variar em intensidade ao longo do tempo; e a ansiedade-traço, que se refere a uma disposição pessoal, relativamente estável, a responder con ansiedade a situações stressantes e a uma tendência a perceber um maior número de situações como ameaçadoras (cit. in DSM IV-r). Fase a exigência das provas, dos testes e das expectativas, os estudantes universitários sofrem frequentemente fases de grande aumento de ansiedade, depressão e stress. A ansiedade nos testes está associada aos pensamentos, sentimentos e reacções emocionais negativos experimentadas pelos alunos relativamente a um desempenho nas provas.
       Na psicopatologia a ansiedade, depressão e stress são constituintes de um grande leque de doenças mentais (cit. in DSM IV-r e CID 10). O Manual de Diagnóstico e Estatística das Peturbações Mentais da American Psychiatric Association, criado em 1994, que está na sua 4ª edição-r (revisionada), fornece critérios de diagnóstico e inclui componentes descritivas das peturbações Afectivas, do Humor, da ansiedade, da depressão entre outros, bem como as peturbações induzidas pelo consumo de substâncias psicoactivas. O CID-10, Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde em vigor desde 1993 e criado pela Organização Mundial de Saúde, fornece também um método de diagnóstico e critérios das peturbações bem como as suas definições.
       Neste estudo procura-se comparar a existência de diferenças significativas na activação da ansiedade, depressão e stress, utilizando a DASS,  Depression Anxiety Stress Scales, de Lovibond e Lovibond, 1995, entre estudantes universitários e em indivíduos toxicodependentes. A investigação teórica utilizada parece demonstrar que os níveis de activação podem depender de diversos factores. Os resultados obtidos demontram que existem diferenças significativas entre as duas amostragens, sendo que os níveis se apresentam mais elevados nos indivíduos toxicodependentes.
Método
Participantes
       Os participantes neste estudo foram 10 estudantes do ensino universitário com media de idades 30,00 e DP  de 5,71, com idade compreendida entre minima de 21 anos e máxima de 39 anos e 10 indivíduos toxicodependentes com média de idade 29,50 e desvio padrão 4,37, com idades compreendidas entre minima de 22 anos e máxima de 38 anos. O grupo de estudantes universitários é composto por 2 indivíduos do sexo masculino e 8 indivíduos do sexo feminino. Enquanto que o grupo dos toxicodependentes é composto por 8 indivíduos do sexo masculino e 2 do sexo masculino.
       Os estudantes foram seleccionados por amostragem de conveniência e os indivíduos toxicodependente por conveniência.

Instrumentos
       Questionário Sócio-Demográfico , constituído pelas variáveis : sexo, idade, estado civil, meio de residência, escolaridade, frequência universitária, situação profissional e dependência de drogas.
       Escala de depressão, ansiedade e stress (DASS) Dass: P. F. Lovibond & S. H. Lovibond, 1995. Versão portuguesa: A. Baptista, R. Santos, A. I. Silva & I. Baptista, 1999, que mede aspectos específicos de depressão e ansiedade e sintomas relacionados com os stress.
A consistência interna (Coeficiente α) é Depressão 0.91; Ansiedade 0.84; Stress 0.90 (cit. in Lovibond and Lovibond, 1995)
       A escala propõe estudar a totalidade dos sintomas de ansiedade e depressão, que satisfização padrões elevados de critérios psicométricos e que facultem uma discriminação entre os construtos do estudo factorial, depressão e ansiedade, tendo apresentado um novo factor designado de stress identificado com sintomas de dificuldade em relaxar, tensão nervosa, irritabilidade e agitação.
       A DASS, assume que as perturbações psicológicas são dimensionais e não categoriais, ou seja conclui que as diferenças na depressão, ansiedade e stress experimentadas por sujeitos normais e com perturbações, são essencialmente diferenças de grau.
       A escala é composta por 42 itens que se agrupam em três dimensões: a depressão, a ansiedade e stress, sendo o resultado de cada sub-escala dado pela soma dos 14 itens de cada sub-escala (cit. in Manual for the Depression Anxioty Stress Scales).
       A DASS é de auto-preenchimento, e o participante deve assinalar o grau em que concorda com a afirmação. Cada afirmação tem uma escala tipo Likert de 4 pontos que varia entre 0 (não se aplicou a mim) e 3 (aplicou-se a mim a maior parte do tempo).

Procedimento
       Os estudantes frequentam a Universidade Lusófona de Lisboa e preencheram de forma voluntária, sendo-lhes dada a informação de que os dados recolhidos eram anónimos e confidenciais, e que a sua utilização se limitava ao âmbito do estudo.
       Nos indivíduos toxicodependentes a recolha foi efectuada através do Professor Paulo Lopes, responsável do Programa de Redução de Danos da Cidade de Lisboa
       A análise dos dados foi realizada através da versão 16.0 do SPSS.
       Foi utilizado o teste K-S para verificar a normalidade da distribuição na variável Idade.
       Foi utilizado o Independent Sample T-Test para as variáveis ansiedade, depressão e stress nos grupos de estudantes universitários e nos indivíduos toxicodependentes.
        
Resultados
Utilizou-se o non parametric test K-S para ver se a distribuição da amostra era normal na variável Idade, dando o resultado do sig.2 de 0,935 e de acordo com este resultado não se rejeita a hipótese porque não existem diferenças estatistícamente significativas.
Utilizou-se o Independent Sample T-Test para as variáveis ansiedade, depressão e stress nos grupos de estudantes universitários e nos indivíduos toxicodependentes. No Levene’s test os resultados sobre a homogenidade de variância para a variável depressão o valor do sig.2 é de 0,56 então não se rejeita a hipótese porque a hipótese nula nos diz que há homegenidade de variância. O mesmo acontece para a variável ansiedade onde o sig.2 é de 0,115, há então homegenidade de variância. No caso do stress o valor do sig.2 é de 0,001, sendo este valor inferior ao α, (valor de referência) de 0,05, então rejeita-se a hipótese pois não há homegenidade de variância.
Quanto ao Independent Samples t, o valor encontrado nas três variáveis, depressão, ansiedade e stress o valor do sig.2 é de 0,000, o que nos diz que existem diferenças significativas nos dois grupos, no dos estudantes universitários e nos toxicodependentes.
Quanto a depressão o grupo dos estudantes apresenta uma média de 17,00 e DP de 3,97. No caso dos toxicodependentes apresentam uma média, superior, de 37,50 e um DP de 3,68. Na ansiedade, o grupo dos estudantes universitários apresentam uma média de 18,80 e DP de 5,75 e os toxicodependentes uma média de 36,00 3 DP de 2,58.
No stress o grupo dos estudantes apresentam uma média de 23,20 e DP de 6,54, o grupo dos toxicodependentes apresentam uma média de 38,70 3 DP de 2,98. Ver tabela I, onde se observam estes resultados.
Depressão = t –(18) =  -11,958; p = 0,000.
Ansiedade = t –(18)  =  -8,629; p = 0,000.
Stress = t –(18)  =  -6,814; p = 0,000.              

Discussão
       A ansiedade, a depressão e o stress presentes na vida de cada indivíduo parecem afectar de forma activa a população dos estudantes universitários bem como a população de adictos a substâncias psicoactivas. Neste estudo procura-se comparar a existência de diferenças significativas na activação da ansiedade, depressão e stress, utilizando a DASS, entre estudantes universitários e em indivíduos toxicodependentes. A investigação teórica utilizada parece demonstrar que os níveis de activação podem depender de diversos factores. Os resultados obtidos demontram que existem diferenças significativas entre as duas amostragens, sendo que os níveis se apresentam mais elevados nos indivíduos toxicodependentes. De acordo com a pesquisa teórica os níveis da Ansiedade, Depressão e Stress nos indivíduos toxicodependentes depende do tipo de consumo, obsessão e compulsão, e do facto do o termo toxicodependência não estar especifícado e poder se referir a indivíduos em consumos continuados, a quadros de abuso ou a indivíduos que estão em recuperação ou tratamento sendo que tanbém pode  ser alterado devido a variável tempo- a que já não apresentam consumos. Dados que para o estudo não foram levantados, generalizou-se. O que também parece ter acontecido aos estudantes, pois o tempo em que os questionários foram feitas não especifíca a distância da variável tempo aos testes. Sendo, que podem apresentar resultados mais baixos nas escalas observadas por estarem em avaliação contínua, factores, esses, que podem aumentar fase a proximidade e intensidade das frequências avaliativas. No entanto os resultados obtidos neste estudo demontram que existem diferenças significativas entre as duas amostras, sendo que as médias de depressão, ansiedade e stress se apresentam mais elevados nos indivíduos toxicodependentes por comparação aos estudantes universitários. Parece, ainda, de salientar que a variável depressão é a que apresenta maior diferença significativa entre os dois grupos, sendo no grupo toxicodependente a mais elevada de média de toudas as outras variáveis e também que no grupo dos estudantes é a variável depressão a que apresenta uma média mais baixa. No caso dos estudantes universitários é a variável de stress a que apresenta maior média em relação as outras variáveis. E no caso dos toxicodependentes é a variável ansiedade a que apresenta valores mais baixos em comparação com as outras variáveis nesta amostra. Em suma os indivíduos toxicodependentes apresentam médias mais elevadas de ansiedade, depressão e stress do que os indivíduos estudantes universitários, havendo diferenças significativas entre estes grupos.
Álvaro Augusto dos Santos Carvalho, 2009.