Hoje, anda por aí qualquer coisa de um amanhã.
Hoje, por ai, anda um pouco do amanhã. Sem sombras à dúvida, não vá a dúvida ter sombras. A adição ao caos, lembra um cais de onde se parte sem saber onde chegar. Que onda pode levar o rumo traçado numa carta que se orienta a norte. Que cais vazio quer recolher um navio que lá vai amarrar, para ficar. O vazio não se agarra a nada, nem a liberdade, se quer vaidosa. A liberdade não está agarrada ao nada, é desprendida e vouga à sua e na sua bela ou feia vontade. Aqui se levanta uma bandeira de direitos sobre a liberdade o sangue de uns faz a vontade de alguns. Esta geração luta sem culpa, pois está a levar o bardo da sentença pronunciada em liberdade, que está em morte lenta, à espera da penitência, valha-nos a santa paciência, que sempre é melhor de que a santa inquisição, disfarçada nos dias de hoje.
Antes, noutros tempos, noutras vontades, no tempo, com se dizia, da outra "senhora", pedia-se entre murmúrios e preces, esperava-se o "salvador". Hoje, depois de Zaratustra, já não há heróis, nem omnipotência, apenas a razão e mais ainda, na actualizada informação, as Emoções é que comandam a inteligência.
Diz-se, por aí, que vai haver uma revolução, que o Homem está cansado da sua culpa e da sua ambição, Nesta marcha de pinguins, os filósofos do caminho tinham. nesta "Huis clous", a consciência da verdade, visionários, de que o porquinho, mealheiro, está cheio. Sem saída o Homem virou-se para e contra o homem. Mas, como vou eu continuar a pagar a minha electricidade, se eu e tudo o que me rodeia depende da Luz. Levámos a letra, o principio de que a vida depende da Luz. Hoje cheios de tudo não temos ponta por onde se pegue, nem pontes para a outra margem, porque caminhamos perdidos na multidão, juntos conseguimos o que não somos capazes. E os tempos são de preocupação, é que um homem sozinho é muito mais perigoso de que um grupo. De Geocêntricos a Egocêntricos, fomos apanhados nesta espiral onde o túnel do desconhecido já não mete medo a ninguém, pois o Homem caminha só, na sua emancipação e não há saída, vamos ter que viver com o caos revolucionário, que nós preparamos para acontecer. Marchemos, marchemos, em silêncio, mostrando indignação mas continuando nesta avareza, a queremos ter tanto, quando temos tão pouco. Amanhã, poderemos ver que, o passado podia ter sido diferente se não tivéssemos aprendido a trabalhar mais, com luz de noite, para podermos pagar o nosso bem-estar. Andamos todos a procura do mesmo.
Os Epicuristas estão frustrados e inibidos no prazer de viver o Só Por Hoje. Porque sem amanhã um homem é um clochard da vida. Naquele último cais, vi partir uma nau que ao vento estendeu as velas, rumando ao desconhecido, onde novos mundos esperam por nós. Não sabemos bem é o que nos espera, desde que não seja o mesmo, talvez sejam bem melhor. Talvez?
Haja amanhã onde hoje não há presente. Talvez!
*Álvaro Carvalho, 2013.