Hoje vou escrever nem que seja qualquer coisa de muito estúpido O homem estava estupidamente entupido. Sorriu a um acaso perdido na primeira lua da manhã. A árvore caída perto da cachoeira fazia lembrar o raro momento em que os pássaros voam. Eu acho que eles voam sem saberem. O gaivota com seu charme marialva fazia corar a Arminda coxa, que se mantinha de pé apoiada num tripé. O seu amigo, o mais temido de todos, deixaram de lhe chamar o gordo foi coisa de ginásio e de muita novela de faca e alguidar, hoje é segurança da CP e nas horas extras acompanha um bar de sub-alterne. O estúpido da coisa é a coisa em si mesmo. Não há chão que não dê passas, nem lavagem automática que não seja manual. A sra careca, porque lhe caia o cabelo pelos ombros, lavava-se no mesmo tanque onde já beberam cavalos. E as lavradeiras nunca mais apareceram porque casaram com os donos das tabernas. O circo acampou numa cidade honesta e o rapaz vendeu pipocas para se lembrar de recordar. Sem sombra de duvidas porque há duvidas que vivem na sombra, o xico ceguinho que até via bem, disse na sua gaguez: eh lá! Então por ser curto e grosso o sacristão, assim se chama por causa da crista que era um aselha pois não acertava nunca no pneu de um carro mas mais nos seus sapatos, propôs que fossem a Fava que era do estilo da Rossete que não tem papas na língua e que apenas faz o que faz porque a mais não é obrigada. De nada, pensou ele e com nada hão-de ficar se deixarem os camones andarem por ai, por aqui e por acolá. O zarolho que via mal de um olho nunca entendeu bem das coisas, da escola, da amizade e do coração, casou virgem e virgem ficou até que a mulher lhe apareceu gravemente gravida de um espírito qualquer que com a viola a encantou e lançou-lhe o velho feitiço da serpente. Um dia todos eles que não se conheciam emigraram e aprenderam que em Portugal também há praias, becos e ruelas onde o fado é quem mais ordena. Nas ordinarices publicas, a conversa passou de banal a frágil E a pressa em passar também fez parte de esse movimento, onde o manfias, rapaz magro e de unhas escurecidas, se fazia notar ao comando da banda de-lá que era o seu bando. Um acabou na GNR, não foi preso mas fardou-se com 18 anos, e escondeu-se num bigode que era a sua forma ou má forma de ser, porque ele não ia ao ginásio. Não lhe apetecia fazer nada já que nada sempre era mais do que não saber o que fazer, que é uma das piores sinas que se possa ter e trazer na lapela do casaco vestido no rigor da missa que não vai nem a metade. As esquinas já esquecidas do rendez-vous. Entraram pela janela, porque a porta não foi fechada e o que os acusou foi um pedaço de papel escrito em segredo do Camané que era filho do leiteiro para a cegonha, que um dia havia de vir de Paris, tal como veio o leiteiro e o carteiro. Traz carta para mim, perguntava bem alto a ti-chica que sempre viveu sozinha e que nunca teve pai nem mãe. Era filha da rua e da vida tal como tantos outros que esperam em fila a sua vez. Hoje como não se passou nada, não há nada para fazer, nem uma pequena chatice. Hoje como não tinha nada para escrever, resolvi deixar assim a triste história de uma manhã que esperava a lua para se ir deitar.
Alvaro Carvalho,
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