13 de Maio de 2012
Escrever sobre religião, seria o tema do dia já que este
dia marca a salvação, a esperança, aquilo que dizemos ser a Fé. Aqui se juntam
crentes na comunhão, na partilha, na fraternidade e solidariedade. Posso estar
enganado sobre os dogmas que cristalizam o dia 13 de Maio, mas como não sei
falar de religião prefiro falar da dúvida e da certeza, da alucinação, da
crença e da necessidade que todos temos em pertencer a algo, desígnio maior,
tal Deuses que já não estão na Acrópole mas que se eternizam nas memórias do
tempo, no medo de não serem iguais ou não obedecerem à esses deuses que se
perderam na confusão geral da nossa civilização. A justiça do povo já foi obra
de tempos onde ir assistir a rituais de queima, chamados de purificação,
lavavam a alma de quem por medo existia dentro de doutrinas inquisidoras.
Ninguém apaga o nosso passado, nem limpa o inconsciente colectivo que nos leva
a quase todos a irmos num só dia gastar 100 Euros porque vamos poupar metade,
mas gastamos. Seguimos correntes, modas por medo que o fim do mundo esteja a chegar
e que não possamos dormir em paz se não confessarmos os pecados. Criados pela
vida, porque a palavra humanidade implica ao mesmo tempo sobrevivência e luta
com a dualidade consciente de que o seu caminho se faz por cima de corpos
ensanguentados que as guerras, as Igrejas, as leis fizeram do Homem este que
aqui está perdido nas sua modernidade, um ser perdido que vive sem causa sendo
a causa dos outros. Os esquemas que usamos para lidar com as situações fazem
nos olhar para uma loucura, insanidade colectiva de medo e desconfiança. E quem
não sofre disto teima em ser arrogante, dono de um saber novo que apenas
demonstra infantilidade ou ingenuidade. Sejamos francos agimos em proveito
próprio e falamos nas costas dos outros do que não fazem e do que fizeram ou
não. Naquela aldeia a senhora que vai a missa, teima em sentir-se mais pura e
dona da razão ajudando o sr. padre a estabelecer regras numa comunidade que
apenas joga no seu interesse individual. Não se trabalha para o bem comum mas
apenas para o perdão como se a nossa mente fosse um poço de culpas que carrega
o fardo do Homem que um dia ele próprio se considerou deus. Dono da vida e da
razão. O juízo Final é apenas a nossa consciência a forma como vivemos e se não
estamos bem basta mudar o que não queremos, mas como se o tormento é um fogo
que queima a alma, por isso se queimaram a dos outros e nas torturas o que ouvíamos
nos gritos eram os nossos lamentos e dores. A Utopia é uma grande preguiça de
Alma que se deixa existir por oposição ou acomodação ao inconsciente colectivo.
Procuramos encontrar fora de nós aquilo que devíamos saber por intuição, que é
resultado da aprendizagem e não dos desvaneios de personalidades perdidas que
procuram sentido para a sua existência em tudo o que fazem. Pois só assim se
sentem realizados na sua razão, no seu querer, ambição pessoal. Viver em paz é
algo que está no nosso coração e quando a culpa nos atormenta, a dúvida salta a
razão e num segundo se fazem promessas e desejos de realização dos nossos
pedidos como se fossemos donos da vida e abençoados por piedade. Alguns são
mais do que outros porque acreditam que são divinos se tiverem ligados ao
divino. Então o Homem julga-se Deus, traduza-se Vida, e fazedor e desfazedor de
vidas e de milagres que não conseguem acabar com a fome, com a guerra que vai
nos nossos corações, com o recalcamento, mas dêem-lhes Prozac para reduzir os
lamentos que conduzam o Homem ao santuário para se redimir da culpa de viver a
sua vida na vida dos outros. A culpa do erotismo, do sexo, da selecção natural.
O ser diferente, o nojo que atormenta os púdicos. Somos tantos e tão poucos e
não sabemos o que devemos fazer do nosso tempo. A minha pergunta vai no sentido
do que quantos dos que compraram com 50 % de desconto, gastando os seus 100 Euros,
doaram ou dividiram com quem não tinha. Quantos agora se dirigem e se orgulham
da sua Fé e religiosidade mas apenas aguardam mais uma promoção para poderem
voltar a ser egocêntricos e narcísicos na crença de que estão agindo de modo altruísta.
Agem por culpa e por remorso no medo de não serem reconhecidos, no medo de se verem
ao espelho e não verem espelhada a imagem que os ilude para se sentirem vivos.
Continuamos nestes tempos a viver com a inquisição no nosso comportamento,
limitados a perda de liberdade e à norma. Estranho modo de viver não ser ele
próprio mas o que esperam dele.
Nota: Para as Almas mais sensíveis está imagem apenas pretende representar a morte dos sonhos, o tormento que temos para atravessar os tempos em nome da liberdade. Hoje ainda andamos nisto.
*Álvaro Augusto dos Santos Carvalho.
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