Um dia a confusão armou-se, instalou-se, como quem não
queria a coisa, sem se dar por ela. E como é próprio da confusão, todos
procuravam em vão quem a tinha criado, era um boato ou era mesmo a confusão em
pessoa, tal como ela se apresenta sem se fazer anunciar para não confiarem nela.
São coisas próprias da confusão que quando surge logo se segue um mal estar, um
clima de dúvida, a incerteza, o medo e se for mantida, o pânico, o drama. Sem
confusão, não vá alguém apanhá-la e de surpresa para admiração de todos, aparece
camuflada de intriga e de opiniões sem razão, não vá a confusão tecê-las. É
próprio do caos ter medo de si por isso reina a confusão porque tem medo de si.
Tem pavor de se fazer notar e necessidade de que se fale dela, a confusão não é
coerente nem nunca o será, foi educada e aprendeu assim pela imitação rumo a uma
socialização que faz dela actriz do sem sentido. Perdido por um, perdido por 5,
diz ela no seio da confusão, sim porque a confusão tem seio que é onde vão
mamar os inseguros, os dignos apenas de si e os indignos. Não se fazem representar
os indignados, nem os harmoniosos, esses livram-se da confusão, não se ausentam,
apenas não a sentem, a gente que não se sente mas que é filho de boa gente.
Onde reina a confusão, todos ladram, que nada tem a ver com ladrão ou ambição,
e ninguém tem razão. A confusão, ela própria afirma que não sai aos seus, ela é,
as águas passadas que não moveram os moinhos porque não havia vento e os
moinhos não se movem estão sempre no mesmo sítio. Excepto se o sítio deixar de
o ser e aí reaparece a confusão, como é, que o que era, deixou de o ser? Não há
duas sem mais uma vez ou na próxima é que é, assim se afirma na sua
constituição fazendo das suas forças onde há fraquezas, escuro de almas onde a
luz escurece com medo da ilusão, pois com confusão não há futuro, é negro.
Para sair, a confusão, não pediu licença, foi-se como quem
vai voltar e dela nasceu a mudança, numa assimilação e acomodação, onde se
elabora um novo conhecimento, um novo caminho, é no Caos que nasce a ordem e
assim é a natureza e os homens na sua evolução. Fez-se luz e há conhecimento. A
confusão pariu uma nova crença, não foi um rato, nem o profeta foi a montanha, foi apenas uma mudança, apenas uma mudança.
A confusão passa para mudar algo vem antes da depressão e faz-se como
motivo óbvio, do poder e da ascensão, para vencer o inimigo numa atitude de
dúvida e depois de ela passar se nada mudar então nada mudou. O que se lamenta
é não se aproveitar o acto de estarmos confusos para perceber que não estamos a
ser honestos. Acreditamos que euforia é alegria, que tristeza é frustração e
que saudade é altruísmo é como acreditar que existe confusão onde apenas há novos caminhos. A confusão fragmenta-se pela imagem que temos do
interior, é no olho do furacão que está o silêncio, a solução para sair da
confusão. Enquanto uns vêem problemas outros vêem soluções. O medo alimenta a
confusão que se refugia na falta de projecto e objectivos. Aí, estou confuso!
estou mesmo tão confuso que nem posso. É como quem não vê.
17 de Fevereiro de 2012, A.C.
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