O que fazem estas pessoas todas e as outras que hoje aqui
não estão mas que vão estar e as que aqui já estiveram, O que fazem todas estas
pessoas aqui? a espera? O que esperam o que aguardam? o regresso de D.
Sebastião, o regresso das naus, será que são os velhos do restelo. Será que não
sabem que aqui estão. Esperam um futuro de onde partiu o passado. Estranhos de
tão estranhos que estão de si que nem o outro reconhecem. E esperam como se
fosse acontecer algo de diferente, não aqui e agora mas para mais tarde
recordar. Trazer memórias e carrega-las para termos identidade e não estarmos
perdidos no meio da multidão, nesta aldeia global onde todos somos vizinhos
também somos ninguém, tal como canta Homero o poeta cego, canta a Ulisses ao
regresso do herói, à sua volta. E esperam enquanto ele vai vivendo a sua vida. Então
ninguém se reconhece no meio da multidão. A aldeia deixou de o ser e usa
maquilhagem para disfarçar o tempo de espera. E enquanto eu dizia que não há
isto ou aquilo, que se pode isto ou aquilo. Saiu-me uma frase “ninguém rega o
jardim”. A minha filha perguntou-me então porque não o regas tu. E foi o que eu
fui fazer. Não espero nada, nem reconhecimento, apenas deve agir, fazer, saber
fazer é arte que de tão simples que é, que se perde no, não sei fazer, porque
não quero. Um aluno não pergunta porquê? Mas como, como? É, a pergunta certa,
pois envolve compromisso e acção. Ponto final. Bem, ainda não é o final feliz
que todos querem porque hoje só temos uma certeza é que nada voltará a ser como
dantes, na realidade actual ou mudas ou mudas. Não há outras alternativas.
Afinal a mudança é uma questão de atitude, porque o problema não é o problema
em si, mas é a atitude que temos em relação ao problema. Nos provérbios mais
sábios e por muitos citados “Um pescador nunca se queixa se ficar molhado na
hora de recolher as redes”, assim como não podemos colher nada, se nada semeamos.
De, “se’s” e “mas” está o mundo cheio e a aldeia não cresceu porque era pequena
demais pela visão dos que nela lá moram. Não há ponto final.
15 de Fevereiro 2012, A.C.
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