Abre-se nas memórias fragmentadas pelo tempo uma porta ao longe,
noutra perspectiva tudo têm uma razão de ser mesmo que pareça uma ilusão.
O Homem, esse ser que pensa, que É. Vive em constante tormento pelo momento em que a sua razão não se revê naquilo que lhe é pedido pela dúvida de pertencer. Se for uma necessidade esse homem perde-se nos cantos das sereias e lamenta-se na noite, no silêncio do tempo, onde anda esquecido porque não se apercebe que as memórias são o que se esquece ou não se quer lembrar. O É, não é o Ser, na medida em que o pensamento se perde na construção da sua história. As suas ideias são o que o inconsciente manifesta na sua revolta, o que recalca. A luz que a sua alma reflecte apenas advém do lugar esquecido na caverna, onde os sonhos mantiveram acesso o fogo para ser roubado, desejado pelos que caminham longe da estrada, do seu caminho, longe e estranho de si, esse Homem que atravessa os tempos não perde o seu sentido na encruzilhada, pois mesmo não sabendo que caminho tomar, ele sabe, qual é o que não quer para si. O seu olhar tímido não é falta de auto-estima ou insegurança, mas apenas porque não é esse o seu anseio, nem desejo. O Eu afunda-se numa ilusão onde nada parece ser aquilo que é, pois a verdade está permitida no tempo, e é apenas uma questão, que se levanta sem medo da pergunta, virá o dia em que tudo se percebe, onde tudo se fez para ser entendido e aí a resposta aparece vinda da neblina, de onde surgem todos os mistérios, onde o mago "Merlin", desfaz o jogo e o homem percebe porque é que teve que passar por isso. portanto cego nas emoções que o comanda o homem não é livre na sua acção por medo ao desconhecido, não vá a memória e o destino ser o medo das suas dúvidas. A moral impera onde a razão se tornou cientifica e desalmada, sem perdão a alma não se escondia de si, mas em consciência vive na plenitude da sua realização, algo que se diz ser a harmonia, a composição onde a vida se transforma a cada instante presente sem querer, apenas sendo Uno consigo e com o Universo.
Descanso nesta cadeira vazia onde o mundo não está ao contrário
e onde se percebe que tudo o que vimos é apenas a ponta de um icebergue.
*Álvaro dos Santos Carvalho