quinta-feira, 12 de abril de 2012

Será que ainda vamos a tempo de avisar o Titanic?

Será que passa ou mudamos de rota?


O Medo da catástrofe não nos afasta dela, nem nos aproxima. Apenas nos atormenta e faz remexer as entranhas numa asfixia que empobrece. Relembrar o passado talvez seja uma forma de não se aceitar o futuro. Icebergues aos molhos choram os meus olhos. O som da orquestra continua a tocar a solidão de quem percebe o destino sem se poder dignificar na realização da sua obra. O deck cheio tal como a praça no dia da revolução. A ambiguidade da situação é o seu contrário uns não querem o passado na esperança de um futuro e outros querem se agarrar a um passado como grito de desespero da sua salvação, SOS, "Save Ours Souls", ... --- ... (três pontos, três traços, três pontos) De novo e sem cessar, de novo e sem cessar. mas espaçado como quem mantêm a calma de vir a ser salvo pela realização das suas acções. se fui é porque mereço. E naquele momento e noutros e em todos os momentos tudo é tão igual. Hoje a praça continua cheia e o mercado vazio tal como o oceano naquela hora onde apenas se ouvia na ponte a água a bater abaixo da linha de água. Os botes salva vidas eram poucos para tantos que procuravam ficar memoráveis e assim ficaram nas memórias do tempo, marcados para sempre, que não queremos apagar para nos podermos agarrar a esperança de que vai ser melhor do que era. Mudámos o mundo e agora andamos a procura dele no fundo e a retomar o tema para não nos esquecer, não arrefece nem aquece, insensibilidade aos paradigmas que querem ser dogmas de uma nova era onde falta o pão e assim todos ralham e ninguém tem razão. Os que não se salvaram no Titanic porque estavam em classe mais baixa, mais desclassificada, ainda andam por aí, gritando e gemendo de fome e de frio. e não ouvimos os SOS enviados pelo mundo, mas procuramos vida, num programa SETI, numa analise radio telescópica, para além do atingível, escutando o espaço, o silêncio ou o que resta dele. Hoje há menos icebergues, visíveis, são mais pequenos e não são observados de imediato os danos que se vão realizando no casco, porque como bem se sabe é apenas a ponta de um icebergue que se vê, a sua maior massa está submersa e desloca-se lentamente numa noite calma, bem longe das turbulências do Adamastor e dos cantos das sereias. atado ao mastro para não sofrer da tentação, o homem procura no seu bote, que já foi um "navio", a sua ração, um gole de água, um sinal de very light. Robinson Crusoe faz uma fogueira enorme onde os canibais se preparavam para comer sexta-feira. salvou o homem da sua sina porque precisava dele para socializar. Prometeu roubou esse fogo e fugiu, nesse tempo, noutra era, noutro lugar, não se vê nem ouve nenhum navio. O medo de que o barco vá ao fundo não é motivação para tapar os buracos que o afundam mas sim razão para abandonar o navio. O Homem não se motiva no medo mas no empenho da usa missão, se cada um tivesse no lugar que lhe compete, o icebergue não seria um problema mas apenas uma mudança de rota para continuar a viagem. Por vezes os velhos "fantasmas", o nosso inferno somos nós ou os outros?, saem do baú para nos avisar, para nos relembrar que há erros que nos são caros, mas quem pagou a viagem merece segurança e bem-estar porque um profissional da vida está nela, sua, como sendo o único momento em que pode estar ao leme e segue a rota nem sempre a mais segura, nem a mais calma pois viver é isso mesmo, arriscar, fazer destino e seguir a intuição guiada pelas emoções, aquela coisa do "feeling", mas uma Catedral precisa de boas fundações para aguentar os desígnios da natureza. Será que ainda vamos a tempo de avisar o Titanic?
Ao longe, lá no fundo sobram os desgastes do tempo coisas que a memória teima em não apagar.


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