sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Hoje estamos repetitivos, disse-me o Tobias, chateado, aborrecido mais com o tempo do que comigo.


O Tobias não quer entrar na casota, isto deve querer dizer que quer sair a noite ou será ainda efeitos da greve de que todos falam, uns porque participaram, outros porque são contra, só há dois tipos de pessoas? Estranho, este comportamento do Tobias. Ele, que de tão simples que é e não tendo nada a ver com tudo isto o que se passa no mundo, na Europa, na fome e na guerra, ele que mesmo assim, tem o seu mundo para muitos indecifrável, incompreendido, pois não tem nada para dar, não produz nada, não tem nenhum dom, não adivinha nada, não prediz qualquer coisa do futuro que nos ajude a entender e a antecipar algo. Por exemplo se ele soubesse que o mundo iria acabar, apenas latia com agonia e não seria compreendido pois a sua linguagem é inadequada. Todos percebemos os signos, o tarot, os cartomantes onde agora também há alguns psicólogos, ou sempre houve talvez fossem psi-cartomantes. O Tobias não é assim tão fácil de decifrar, pois usa códigos e significados, onde o poder do significante se torna muito significativo no seu significado intrínseco, porque é uma redundância dizer mais do mesmo, mas fica bem. Decifrar, ao que eu chamo, entender, leva-me a compreensão ao entendimento da natureza. Da sua natureza, do seu valor, da sua demagogia, politica e tudo isso para o conhecer melhor. E talvez assim saber de onde venho para onde vou, aquele mistério que o homem, com H, maiúsculo, procura desde a alvorada, num oráculo de Delfos, religião e de caminho até a NASA e aos satélite, que hoje se confundem com estrelas, num projecto de escuta espacial, não vá alguém aparecer e não estarmos atentos. Mas atentos a quê? Este medo constante incutido na humanidade de que algo vai suceder, desde Prometeu, o criador do género humano, que estamos de castigo num destino comum, onde nos dissipamos no nevoeiro, tal D. Sebastião, do qual aguardamos o seu regresso e andamos neste medo aparente de que vamos pisar algo ou depararmo-nos com algo desconhecido. Será por isso que o Tobias não quer entrar na casota, hoje, estará a espera de algo maior, anunciado, o retorno Del Rei do Brasil, do Salvador ou de Ulisses, no retorno da sua Odisseia. Nesta Europa, filha de Agenor, a profecia concretizou-se pois o colar que Harmonia, filha de Ares, recebeu dota o seu portador de uma beleza irresistível, mas também pode trazer desgraça. Tudo está de volta ao que era, a Harmonia dos povos trás a sua desgraça, desunião na União, a Europa paga pela falta de respeito a Posídon e Dédalo construiu o labirinto, no qual ele próprio ficou retido. Ícaro entusiasmado (pelo ouro) aproximou-se demasiado do Sol e despenhou-se. Tudo isto está á acontecer, a Europa não está livre da história, andamos em círculos viciosos sem saber como sair, a porta está fechada, não há saída, apenas nos resta viver com os outros. Desde o êxodo que caminhamos para a terra prometida. Sem Arte, sem Poesia, sem Filosofia a espécie humana está comprometida numa tragédia grega. E como uma desgraça nunca vem só neste Zeitgeist, relembro que foi a peste bubónica, trazida da Ásia que devastou a Europa. No entanto como reza a história, a peste foi o grande catalisador do fim da Idade Média. Uma doença trazida por um povo, Nostradamos profetizou que eram amarelos, surge e emerge para mudar os caminhos da humanidade. Nova hipótese, novo começo o problema foi a vitória da Industrialização sobre a Agricultura, era precisa mão-de-obra, para a obra se realizar, a economia monetária tão desejada está pela hora da morte, o porquinho, mealheiro, está cheio, não se consegue partir. Nem, renascendo, nem modernizando, tudo está parado, o tempo é um engano, relativo, vê-mos o que queremos. Tal como o Tobias enquanto centro do mundo, constitui um pequeno Cosmo em si mesmo. Decifrá-lo é um mistério etológico de observação de um fenómeno e como todo o comportamento animal tem um padrão de acção não se realiza no vazio, há uma razão para tal postura de estar de fora da casota talvez não seja não querer, talvez seja outra necessidade mais elementar, mais básica. Basta observar e Zás. 
Afinal não há problema nenhum, o Tobias estava a espera de ir a rua, está na hora, na sua hora. Tobias anda, vamos à rua.
Afinal hoje o Tobias faz dois anos. Viva são os anos do Tobias. 
Por isso estava à espera, sempre havia algo, é preciso compreender este cão, nunca diz nada, ufa! Parabéns Tobias.
Amanhã fazemos a festa, só dá para ser no fim-de-semana.

Sem comentários:

Enviar um comentário