Ode ao desejo.
Se falar de amor, É para alguns um
símbolo, o seu significado. Para outros, é mais um perdão, do que uma razão, por
todo aquele que não conseguiram dar e por todo o que perderam.
Se numa escada para a ascensão
fosse contabilizado o degrau onde se encontra todo aquele que não deu, seria a
inversa da que se permitiu receber. Não há correlação. Quem não dá não recebe. Que
verdade é esta? Como se não pudéssemos receber algo de forma simples como o
amor e tenhamos de dar, dar, dar para receber. Não se dá nada para se receber e
isto é claro que torna a lei do amor algo bem mais honesto.
Fica-se quando se olha, com olhos
para o passado, numa visão alternativa, a amarga sensação de se olhar para o
que se perdeu mais do que aquilo que se conseguiu agarrar, sentir. E não vivo
angustiado, porque tenho a percepção que o alcance do meu ser, foi sempre mais
além do que o meu querer, foi para além da realização, num ciclo sem fim.
Posso clamar, que é da condição,
á qual me resigno com satisfação, porque é ilusão tudo o que tenho comparado a
tudo o que perdi. Posso justificar com a razão, catalogar a sensação. E apenas
lhe vejo a sombra da minha estática posição presente, num futuro adivinhado mas
inconsciente. *Porque não posso desejar aquilo que mais necessito de dar?
Álvaro Carvalho, 09 de Novembro de 2011.
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