quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O Homem que não se fez “mudo” para poder comunicar. Que estupidez!


O homem receia ser estúpido, onde se mede o saber? Onde pára a dúvida? Onde começa a inteligência? Fala-se de tudo como se falar fosse importante para dizer ao outro aquilo que percebemos. A palavra deixou de fazer sentido, de ser verdade. Um aperto de mão já não é convicção e respeito mas obrigação. Bom dia como está? Quem quer saber? Se não sabe porque pergunta? Aprendemos a tudo medir de forma a podermos classificar e explicar o que não entendemos para que se faça luz sobre a escuridão e que não se vejam sombras na caverna, Platão adormeceu e o homem esconde-se por detrás da sombra do cotidiano numa axiologia pobre de espirito de forma a preencher o vazio de alma com algo para satisfazer a sua grandiosidade porque sim as sombras são maiores do que a forma que lhes dá origem. Quando olho para uma árvore tento perceber que é nos seus elementos que está o todo. E este é aquele que vê, por vezes fechado dentro de mim não vejo e apenas ouço o que penso aí estou obcecado na cegueira das coisas serem como eu quero e opino e dou-me sempre que quero a razão, ter razão torna-se tão importante como falar por falar, este é o homem loquaz ciente dos seus sapatos de alto curtume. A ingenuidade perde-se com o tempo com a sociedade, acorrentado por todos os lados o homem torna-se Rousseau, Marx e Totem e Tábus, tudo o que é da psique é do social e vice-versa ninguém pertence sem se fazer ao estilo do necessário satisfazer, muito menos uma princesa triste representada por Lipovestsky e Marisa no Fado, portanto a palavra passou a sentimento mas deslocada do tempo, vivendo no tempo de outros e na voz de outros. Porque outros dizem por nós o que pensam que somos, como devemos agir, porque fazemos parte da norma. Talvez a Severa tenha sido prostituta iniciada pela mãe, o que deixa sérias dúvidas sobre a lealdade humana, pois quando alguém conta isto, é de forma a satisfazer a curiosidade e a poder, se aceitar moralmente, no seu eu, sou melhor ou pior, medido por aquilo que se faz. Sem a palavra falada e escrita a história seria silenciosa e o homem que não se fez mudo para poder comunicar, dizer de si ao outro, da sua presença precisando desse espelho onde se compare para se engradecer. Tântalo e tantos outros sedentos caiem na angústia da decisão do Pais das Maravilhas. Então as dúvidas são femininas e as certezas masculinas, umas são Alices e Penélopes outros são Ulisses e Sísifos. Tudo Vermelho e negro ou branco e preto sem dialéctica. A aldeia Global sofre de um Choque do Futuro e o homem subitamente acorda perante uma sociedade desconhecida mas Platão continua a dormir pois sabe que alguém irá falar por ele, será a sua voz e isso é o futuro. O uso da linguagem não pode corresponder aos interditos e aos não ditos, a linguagem não tem acesso ao oculto apenas pelo lapso se poder dar algum entendimento ao sentido não proferido. Por que se estuda então o homem, a sua natureza e a sua socialização apenas para escrever páginas de história que será escrita por aqueles que não a fizeram. Nem Sócrates morreu nem o actor perdeu a máscara, a persona, continua o Si, sem consciência do seu inconsciente, ainda estamos na Idade Média, não tenho dúvidas pois não há apesar de alguns rumores consciência espiritual. A realidade é constituída por muitos tipos de diferentes substâncias de sentido, o sentido comum é a ironia de um Saramago ou o sentido de alguns. Vivemos numa negação de nós mesmos crendo ser verdade o que dizemos, fazemos ou escutamos, como único e tão extraordinário que tal nunca se viu. Ridículo o homem na sua estupidez.

Álvaro Carvalho, 09 de Novembro de 2011.

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