quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

O Homem é uma criança EGOcêntrica.

Ou será tudo uma questão de sobrevivência?
Que mistério é este que me faz avançar no caminho. Que estrada é esta que mesmo que por muito caminhar e de tão e muito longe que se vá nunca se dá a volta ao mundo. E que nos prende a e em nós, numa ânsia de correr e percorrer mais e mais estradas já muito batidas e velhas como trapos que velhos indígenas usaram para tapar suas vergonhas. 
De que pedras são feitas as casas e quem partiu os telhados que nem vidro tinham. Onde estão todos os que não chegaram. Que voz é esta que me faz dizer em sussurros e soluços baixos, de tão baixo que ecoam no tempo, onde escasseiam as memórias. Será isto saudade dos cheiros de outras horas, onde os minutos passavam sem correr e onde se ouvia a chuva lá fora. Que pensamento é o guia da verdade. Por onde vai esta estrada, que foi fechada ou vedada pelas sombras do imaginário.
Que poeta teve medo de cantar sua alma. 
De quem são as verdades e de que são feitas as mentiras. No vazio da consciência, reina uma paz, onde nem um canto de um trovador abafa o som dos tambores, tão antigos tão inanimados de repetição que não se calam. Que perfume é este corre pelo vale de onde os fantasmas se levantam e onde os supérfluos se refugiam em silêncios mórbidos de desencanto. 
Que planeta é este onde eu habito sem conhecer o outro que se diz ser. Quem na verdade é quem. Quem foi que deu voz a razão e de Geocêntricos passou a chamar a tudo evolução e paradigma, sendo a falha uma pulsão mal intendida pela identidade do outro e a sociedade estruturada, enmuralhada, em Si mesmo numa axiologia pouco lógica de quem ainda quer sonhar com castelos, princesas, piratas, lendas e magia e com bancos pobres de dinheiro. 

Não olhes para trás! E olham logo! é assim.
Nas tuas costas pensam por ti e vêm o que querem.
Por isso, miúdo, deixa passar esse senhor, tens que o respeitar.
Não acredites em tudo o que te dizem, principalmente se for sobre ti.

De que tamanho são feitos os sonhos e de que riqueza é feita a palavra fome. Ao longe muito ao longe junto á estrada os campos são reservas de papoilas para escurecer as almas dos que lá moram. Não se vê viva alma por aqui. O tempo não acabou e a porta, essa aberta, de oportunidade, convida a quem lá quer entrar e encontrar companhia numa mesa sentados, numa cama deitados. A noite espera acordada que as cores dos corpos se enlaçam e se rasgam bocados de prazer, nem escândalo publico do sagrado desejo de ser e pertencer. A vida corre a frente de uma criança como a bola que atravessa a estrada sem saber do perigo. Se este mundo fosse uma pensão eu seria seu hospede pelo tempo inteiro e comeria na sua companhia todos os dias sem fim. Alguém passa a noite sozinho, tendo a noite por companhia numa mesa vazia, sem pão, sem água, sem perdão. porque dorme aquele homem na rua. por está preso o ladrão. De quem são as coisas nas nossas mãos vazias de nada.
De manhã fui até a praia só para ver se eu lá estava e efectivamente reparei, nem foi preciso constatar que eu estava comigo. O que não estava lá, era a areia que deixei ontem. nem a maré era a mesma, então, como pode ser tudo tão igual, só se não soubermos fazer noticia ou inventar desculpas ridículas sobre a necessidade de se fazer conhecer. E contar histórias da invencibilidade da derrota, acho que acreditamos por piedade. O que fica é a palavra, quem disse não importa mas esquecemos-nos de perguntar porque o disse. Qual foi a necessidade que o satisfaz e que foram satisfeitas em tão mordaz simpatia de escolhas entre currículos mal afamados ou apagados dos ficheiros secretos. Uns são lembrados e escondidos da vida, em guerras e lutas pela liberdade ou pelo domínio e os esquecimentos foram apagando quem não queria se lembrar e nem ser lembrado. 
Do Homem pouco sei, vi o passar parecia um Senhor todo aperaltado mas o que eu vi quando espreitei lá para dentro, pronto espiei, eu confesso, o que eu vi, foi ele a esconder os seus medos numa gaveta debaixo da mesa da sala e na cozinha teias de aranha embaladas em jornal, num canto uma TV apagada e uma pilha só de um comando que escorrega do sofá já velho e roçado pelo acamar do corpo. Não lhe vi o quarto nem o WC pois não temos intimidade para tanto, mas acredito e pensei que se a cama está feita foi de certeza feita a pressa, foi o que eu pensei.
Esse, que eu tenho todos os dias visto passar lá na praça central onde há um correto fechado, esse que vive nas  memórias e saudades, esse não é plural mas singular de egocêntricos.
Quem é capaz de banir a insanidade publica. Quem escreveu para quem numa linguagem sem palavras.
O homem é uma criança que não saiu do seu egocentrismo. Então ele gritou ou grunhiu ninguém o percebeu, e então escreveu: - Querem ver que eu sou uma estatística de mim mesmo.
Urge! É Tempo de te questionares a Ti próprio. Sim, tu.

Nota, breve: Egocentrismo é a falta de capacidade da criança de ver os pontos de vista de outras pessoas, não entendendo que as pessoas tem opiniões e crençs diferentes ...Por isso são crianças.

Álvaro Carvalho, Fev, 2014

Sem comentários:

Enviar um comentário