sábado, 15 de fevereiro de 2014

Temos ai o Carnaval ou este é o Hospício onde vivemos - Bipolaridade proibida.

Agora! Talvez venha ai o Carnaval e Polariedade não é ser bipolar: 

Sonhos em sobressaltos de cores que no preto e branco se vão debatendo sem opinião, mas onde se trocaram as cores, para inverter a polaridade e fazer novas nuances mais esbatidas, que vão fazendo escorrer a tinta da caneta. Voltei a afiar os lápis, pois nem pincéis havia, de tanto esperar, por linhas abaixo cai e num papel vazio, eu enchi o de rabiscos, significando o que eu não se sabia. Insignificante os erros que vou fazendo na autografia e a minha caligrafia, nem sempre é igual. 

De tudo e de nada ou mesmo que seja por pouco, sabe sempre a pouco o alento da melodia que um olhar profundo pode ter no virar de uma pagina esquecida numa vã memória do tempo, mas que se foi preenchendo como se de um nada se trata-se, para poder ter valor.
No espelho a imagem quebrou e de tanta filtragem o reflexo passou a sombra e as cores voaram em paletes pela janela, de onde uma pomba acabara de sair, deixando para trás uma pena de uma manhã, num balcão de um parapeito ainda mal refeito da tempestade da noite anterior onde se apinharam preconceitos feitos pelo medo da seriedade da situação que se impunha ser solene e de grande transformação. Triste, mas sem emoção, saiu sorrindo como quem voltava de uma operação mal sucedida porque tinha sido mal diagnosticada de véspera e antes da chegada. 

O mar e a terra fundem-se, são pertença da vida, eu tenho sido das cores do mar, ora triste e cinzento, ora azul e verde de esperança, nunca serei da terra, pois há-de o fogo queimar este corpo que temporariamente me pertence para me rir nas ilusões dos sentidos e nas emoções que é onde vive a minha vaidade, que é a de ser sem pertencer  do universo. Onde nebulosas e caos e super-novas vão dando luz ao caminho, ao nascimento, que vou pintando pelas ruelas de uma pequena aldeia que fica numa ilha onde, todos os dias, ninguém lá habita. Para lá ir, há uma ponte que se chama eternidade e um silêncio de gelo que quebra qualquer humidade que as cores do calor não conseguem tornar num deserto. 

O sentir é alterado pela percepção dos cheiros, dos tempos, das vontades e querer pintar numa tela um vazio sem cor é o mesmo que ter um pomar, com uma só árvore e onde apenas há uma maçã para comer,.Mas, mesmo essa, está caída no solo da árvore da vida. Como não havia, nem vive, vive-alma, para a compreender ficou esquecida, perdida, no espaço e nas rugas da velhice, sozinha, só porque uma ponte não se passa sozinho, foi ficando pelos becos sem saída que eram pintados de aguarelas. Não há um só verde nem um só cinza ou seja nenhuma tonalidade é mais certa do que a que se quer ver. 

Naquele seu caminho, onde as cores não se misturam e vão as voltas loucas se escondendo de si, e entre si mesmo, lá naquele fundo onde se pinta com as emoções, lá onde se vê que o vermelho pode ser dor ou de angustia, ou até mesmo de catarse. Lá, onde, o amarelo tem o seu podercomo a luz do acto inconsciente da resiliência da arte de quem não sabe pintar se não tiver todas as cores numa mão e os espinhos noutra. Lá, onde, o futuro nos espera uma ponte viúva adormeceu esquecida do seu destino do seu encontro. Por isso de um lado temos o deserto onde crescem rosas e de outro temos o mar por onde andam sereias. Nada está esquecido, nada morre, porque a bipolariedade da vida é isso mesmo, ter opostos e pólos negativos e positivos. Não há um instante que seja igual. Se isto fosse um hospício seriamos todos normais e no Carnaval nem se nota nada, pois estamos todos escondidos, ou a fingir que estamos vivos.

Álvaro Carvalho, Fev, 2014.

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